CERTIDÃO
DE NASCIMENTO
Se existe um documento que pode ser
considerado como uma verdadeira certidão de nascimento da nossa cidade, este
documento, sem dúvida, é aquele que foi denominado como o “Sumário das Armadas”, contendo 50 páginas e que foi apre-sentado,
na Corte de Filipe II, pelo jesuíta Cristovam de Gouvea, um Padre Visitador da
Companhia de Jesús em toda a Província do Brasil.
O documento é importantíssimo, devido
a explanação feita quanto ao surgi-mento das primeiras construções, envolvendo,
principalmente, as primeiras igrejas, mas como os desenhos retratando tudo
aquilo valem, às vezes, mais do que mil pala-vras, esta imagem que divulgamos
abaixo, mostrando o atracadouro (à direita), onde se vê um aclive indo em
direção à Ladeira de São Francisco, que foi a primeira rua da povoação e que
servia de acesso ao largo formado pela Igreja da Matriz (M), Convento de Santo
Antônio (L), Mosteiro de São Bento (G) e Igreja da Misericórdia (N), pode ser
considerada, sem dúvida, como a certidão de nascimento da nossa terra.
Observem todos os detalhes nesta
gravura de João Teixeira Albernaz I, que ilustra o “Livro que Dá Razão ao Estado do Brasil” (Diogo Moreno, 1612).
...E A CIDADE SURGIU.
No dia 5 de agosto de 1585, dia
dedicado à Nossa Senhora das Neves, João Tavares, a quem Martim Leitão confiára
a conquista da terra paraibana, tinha acabado de tomar a decisão que ali seria
construído o Forte do Varadouro, a fim de melhor garantir a segurança de todos
os integrantes da sua caravana.
Às margens do rio Sanhauá, onde hoje existe o Porto do
Capim, exclamou:
- Aqui fundaremos uma cidade.. a Cidade de Nossa
Senhora das Neves !
Por conta do local do seu nascedouro, o centro
histórico da cidade ficou marcado até hoje por uma grande integração com o meio
ambiente, já que o local continha, à época, como acontece ainda em menor escala
em nossos dias, muitos atributos naturais, onde se destacava uma vegetação
exuberante, alternando-se, ao longo do rio, manguezais e coqueirais com a mata
atlântica, formando verdadeiras florestas.
A cidade, portanto, deve o seu desenvolvimento a dois
caminhos principais, formados pelo Varadouro e pela Cidade Alta, interligados
pela Ladeira de São Francisco, quando foi criado o Porto do Capim, em águas
fluviais, a fim de escoar a produção local, especialmente do açúcar, que era
exportado.
Como não poderia deixar de acontecer, ao redor do porto
se estabeleceu a importante área comercial do Varadouro, onde foram construídos
vários armazéns e uma alfândega.
FORTE DO VARADOURO
Visando,
possivelmente, defender os armazéns de açúcar existentes na vizinhança, os
portugueses, aos pés de um íngreme declive na descida para o rio Sanhauá,
construíram um pequeno forte de pedra, que logo ficou conhecido como “Forte do
Varadouro”.
Os
armazéns ali existentes – e que foram, segundo se crê, a motivação maior para a
construção do forte -, foram totalmente queimados pelos lusitanos em 1634, quando
chegaram os holandeses.
Em 1639,
os portugueses construíram um armazém de açúcar, que ficou sob a proteção de
uma guarnição ali existente, sediada, provavelmente, no Forte do Varadouro,
construído para este fim.
Os mapas da época mostram claramente como tudo
aconteceu, mostrando, inclusive, as caravelas ao mar.
OS NOMES DA CIDADE
1588 - Filipéia de Nossa Senhora das Neves em homenagem ao Rei Filipe II da Espanha, durante o período em que
a Coroa Portuguesa foi incorporada à Coroa Espanhola (União Ibérica:
1580-1640).
1634 - Friederickstadt (Cidade de Frederico) ou Frederica, em homenagem ao príncipe de Orange,
Frederico Henrique de Nassau, durante os 20 anos de ocupação holandesa no
nordeste brasileiro.
1654 - Cidade da Parahyba, ao iniciar o período de restauração, após a expulsão dos
holandeses do nordeste brasileiro.
1930 - João
Pessoa, numa homenagem ao político João
Pessoa de Albuquerque, paraibano de Umbuzeiro, então presidente do Estado da
Paraíba, assassinado na cidade do Recife, no vizinho estado de Pernambuco.
VARADOURO
Foi
às margens deste rio, que avança para o mar,
e que
deixa, em seu caminho, tantos manguezais,
abrigando,
em cada um, muita vida à se formar,
que surgiu,
num certo dia, um bem pequeno cáis.
Era o
Porto do Capim, que veio assim se
chamar,
porque
era o capim o que se transportava mais.
Depois
virou Varadouro, prá logo se transformar
nesta
cidade bonita, com seus traços divinais.
Foi
na beleza, portanto, deste Porto do Capim,
que a
cidade foi surgindo e crescendo até o fim,
pintando
de eternidade os seus momentos breves.
No
alto da ladeira, a imagem de um mosteiro...
o
primeiro casario... o povo... a força... o cruzeiro...
- É a
Cidade Real de Nossa Senhora das Neves.
Na imagem de hoje, o casario antigo, o verde da paisagem
e todo o encanto do rio seguindo em direção ao mar.
COMO
TUDO ACONTECEU
Para que todos entendam como surgiu a idéia de publicar A HISTÓRIA DA
PARAÍBA EM QUADRINHOS, divulgarei, na íntegra, o texto de apresentação da edição histórica, publicada
no dia 05 de agosto de 1985.
QUATRO
SÉCULOS DE HISTÓRIA
Recebi, da parte do
historiador José Octávio de Arruda Mello, Presidente da Comissão do IV
Centenário, um convite, mas o que aceitei, na verdade, foi um desafio: em pouco
mais de dois meses teria que adaptar para quadrinhos, envolvendo textos e
desenhos, a história dos 400 anos da Paraíba.
Nesses sessenta e pocuos dias, os originais deveriam ser
entregues, devidamente artefinalizados, prontos para impressão.
Gonzaga Rodrigues me chamou a um canto e explicou o espírito da coisa:
- O que nós queremos é um gibi... um gibi
histórico !
E com a certeza de quem sabe o que quer, começou a expor a
idéia:
- As novas gerações precisam conhecer a história da sua
terra. Os jovens de hoje não podem continuar ignorandoo valor de um Frutuoso
Barbo-sa... de um Martim Leitão... de um João Tavares. Eles precisam aprender –
logo na infância – que a Paraíba foi construída por homens como Duarte da
Silveira, Vidal de Negreiros e Peregrino de Carvalho.E qual o melhor caminho
para se atingir esse imenso público infanto-juvenil ?
Antes que eu pudesse abrir a boca, ele mesmo respondeu:
- A história-em-quadrinhos... o gibi !
Estava certo o Gonzaga: através dos quadrinhos, toda
aquela enorme legião de jovens – englobando, certamente, os estudantes do 1° e
2° graus – acabaria por se interessar em conhecer a história da sua terra,
graças ao fascí-nio das ilustrações.
E foi assim que eu e o Deodato Filho, na base de uma
página por dia, começamos a executar o trabalho.
Ao longo do tempo previsto, as consultas se sucediam,
dando dor de cabeça a quem entendia do assunto: ora ao Humberto Melo, ora ao
próprio José Octávio. No tocante às pesquisas, a ajuda valiosa do Pontes,
coorde-nador editorial.
Do século XVI ao século XX, centenas de desenhos e
milhares de pala-vras, aos poucos, iam contando a história: Tracunhaém... a conquista.... a resistência dos
potiguaras... Piragibe... os primeiros governantes... a invasão holandesa... a
expulsão dos invasores... a interiorização da conquista... o Aerópago de Itambé...
a revolução de 1817... a Confederação do Equador... a Revolução de 30... os
caminhos do progresso.
São 400 anos de história devidamente condensados numa narrativa
simples, onde, na maioria das vezes, os desenhos falam mais alto do que o
texto.
De parabéns estarão a Comissão do IV Centenário da Paraíba
e o Governo do Estado por mais esta realização editorial.
Vamos esperar, agora, que os heróis da nossa história
conquistem, com seus gestos de audácia e coragem, a juventude paraibana.
Deodato
Borges
Publicada há 27 anos, quando das comemorações do IV Centenário da nossa terra, a História da Paraíba em Quadrinhos serviu, realmente, para fazer com que as crianças e os jovens da época pudessem conhecer, com mais interesse, todos os fátos históricos que assinalaram o surgimento da Cidade de Nossa Senhora das Neves e, consequentemente, a terra paraibana, com todos os seus munícipios cheios de encantos e, o que é mais importante, cada um deles habitado por um povo aguerrido e gentil.
Para festejar esses 27 anos da publicação da História da Paraíba em Quadrinhos, vamos divulgar, agora, aqui, no Porto do Capim, o mesmo texto, com pequenas modificações, já que os diálogos passam a fazer parte do contexto, assim como as ilustrações que embelezam cada capítulo, retiradas, é claro, da publicação original, continuam as mesmas, sem tirar nem pôr, com a mesma força do Deodato Borges Filho da época, no alvorecer dos seus 24 anos.
A HISTÓRIA DA PARAÍBA
Texto: Deodato Borges
Ilustrações: Deodato Filho
TRACUNHAÉM
·
O começo de tudo
AS EXPEDIÇÕES
Mais de setenta anos antes do início da
dominação portuguesa, as terras que hoje pertencem à Paraíba formavam uma região
quase desconhecida, pertencente à capitania de Itamaracá, que fracassára
ostensivamente em todas as ações ali desenvolvidas. Com os índios potiguaras em
pé-de-guerra, devido ao costume dos colonos de tentar escravizá-lose, ao mesmo
tempo, insuflados pelos franceses, a presença lusitana ia se tornando cada vez
mais difícil em território paraibano.
Foi aí
que um fato simples e isolado – o rapto de uma cunhã no sertão de copaoba –
precipitou os acontecimentos que culminaram com a separação da Paraíba de
Itamaracá, determinando sua definitiva conquista pelos portugueses.
Tudo começou
quando, saindo de Olinda, um mameluco aventureiro penetrou nos sertões da
Paraíba, chegando à Serra da Capoaba (hoje, Serra da Raiz), onde os potiguaras
tinham as suas aldeias. Graças à sua metade índio e aos presentes que trouxera,
o homem fez amizade com os aborígenes e foi aceito na taba principal por
Iniguaçu, conquistando facilmente a filha do chefe potiguar, de apenas 15
anos.
- Sou um
índio como vocês e quero viver ao seu lado, meu amor – dizia, declarando-se à
jovem e linda potiguara.
Só que o
forasteiro não queria viver na aldeia e, num certo dia, quando o chefe
Iniguaçu havia saído para caçar, eis que ele fugiu, levando consigo a
companheira, para Olinda.
Ao
retornar à aldeia e não encontrar a filha, o chefe potiguara, ao tomar conhecimento
do que acontecêra, confiando na justiça dos portugueses, mandou dois dos seus
filhos em busca da moça em Olinda, na capitania de Pernambuco, recomendando:
-Tragam
a minha filha de volta !
Os
índios tiveram sorte quando chegaram à Olinda: quem estava lá na capitania, em
correição, era Antonio Salema, Governador do Brasil, que deu ordens severas aos
seus soldados, ao tomar conhecimento da história:
- Façam
com que a cunhã seja devolvida ao cacique, dêem provisões aos índios e
pro-videnciem para que ninguém os molestem na viagem de volta !
Já com a
moça ao seu lado, os índios começaram a viagem de retorno, passando, à certa
altura, por um engenho, às margens do Tracunhaém, pertencente a Diogo Dias, um
rico mercador de Pernambuco, que logo ficou encantado com a beleza de jovem
potiguara.
- Ela
será minha custe o que custar ! – prometeu a si mesmo o mercador, admirando
todos encantos da bonita cunhã.
Ardiloso,
Diogo Dias escondeu a jovem, ocultando-a de todos, principalmente dos seus
irmãos, que tudo fizeram, em vão, para encontrá-la.
Ao retornar à aldeia e não encontrar a filha,
o chefe potiguara, ao tomar conhecimento do
que acontecêra, (...) mandou dois dos seus filhos
em busca da moça em Olinda, na Capitania
de Pernambuco.
- De acordo com esta provisão de Salema, vocês não devem
ser molestados – disse Diogo Dias, dirigindo-se aos índios.
E
concluiu:
- Vocês
não serão molestados. Nós não lhes faremos nada. Podem ir. A moça ficará, já
que ninguém sabe onde ela se encontra.
Os
índios seguiram viagem e contaram tudo o que acontecêra ao cacique que, ao
to-mar conhecimento do rapto da filha, enviou outros emissários em busca da
jovem. Eles eram recebidos pelo senhor de engenho, que os iludia com palavras
enganosas, assim como o capitão-mór de Itamaracá, que era amigo de Diogo Dias.
- Perdi
minha filha ! – murmurou, amargurado, o Cacique.
Tudo
estaria esquecido, sem dúvida, se não fossem os franceses, que viviam entre os
índios de Capoaba e que passaram a atiçá-los contra os portugueses, estimulando
Iniguaçu, que já se mostrava resignado com o ultraje recebido, a tomar uma
atitude.
- Grande
Iniguaçu não pode ser humilhado – diziam os mais velhos da tribo. Sua filha
precisa ser vingada e voltar à aldeia ! – concluíam.
-
Iniguaçu assim fará ! – disse, finalmente, decidido, o Cacique.
Sob as
ordens do chefe, milhares de índios se deslocaram até Tracunhaém e cercaram o
engenho de Diogo Dias. Ao amanhecer, alguns homens saíram em perseguição a um pequeno
grupo indígena, sem saber que o grosso da tribo estava oculto.
- Vamos
dar uma lição nesses atrevidos ! – diziam os portugueses.
De
repente, os índios atacaram com fúria incontida, impedindo que Diogo Dias e sua
gente pudessem retornar à casa grande, que era protegida por um fortim.
Na
grande carnificina que se seguiu, morreram mais de 600 pessoas, incluindo-se o
próprio senhor de engenho, duas filhas, um filho, um genro, um irmão, um
cunhado e três netos. Após matar em bóias e cavalos, os aborígenes atearam fogo
nas casas, no engenho e nos canaviais, deixando tudo reduzido a um montão de
ruínas. Da infeliz família, sobreviveram, apenas, dois filhos, que estavam
fora: Boaventura Dias, em Olinda, e o menor Pedro Dias, que estudava em
Portugal.
Tão logo
ecoou no Reino o massacre de Tracunhaém, determinou o Rei Dom Sebastião que
fosse fundada, ás custas do Governo da Metrópole, a Capitania da Paraíba, que
se desmembraria, assim, da de Itamaracá. Nesse sentido, o Governador-Geral,
Luis de Brito, recebeu ordens para ocupar o rio Paraíba e implantar, ali, no
lugar mais conveniente, os fun-damentos de uma cidade.
-
Entregarei a tarefa ao ouvidor geral Fernão da Silva, que está de partida para
Pernambuco, já que não posso deixar, agora, a Bahia ! – decidiu o governador.
Foi
assim que, ao chegar à Olinda, em 1574, Fernão da Silva reuniu soldados e,
muito resoluto, marchou para a conquista da terra rebelde, disposto a castigar
não só os potiguaras, como os seus aliados franceses.
Ocultou,
os índios observavam toda aquela gente, a pé e a cavalo, e passaram a abandonar
as aldeias e os roçados, como se estivessem fugindo, o que entusiasmou ainda
mais o chefe da expedição.
E foi
assim que, ao chegar em Cabedelo, na foz do rio, que Fernão da Silva tomou posse
da capitania, em nome de El-Rei, com todas as solenidades de estilo, inclusive
com a devida lavratura de um termo judicial.
- Tomo
posse da Paraíba em nome de El-Rei !–disse o ouvidor geral.
Neste
exato momento, no entanto, de surpresa, saindo, aos urros, de dentro do mato,
lançando flechas certeiras, os índios avançaram contra os soldados, tendo a
tropa, em pânico, batido em retirada, rumo à Itamaracá.
Foi
assim que terminou no mais completo fracasso a expedição do Ouvidor-Geral.
Vítima
de zombaria, levado ao ridículo, Fernão da Silva retornou à Bahia, deixando a
Paraíba em piores condições, já que os gentios, agora, com a vitória,
tornaram-se mais audaciosos do que nunca. Indignado com o malogro da expedição,
o Governador Luis de Brito tomou para si próprio a tarefa da conquista: mandou
aparelhar uma frota de 12 navios, bem equipados, tendo por tripulação os
melhores homens que pôde arregimentar na Bahia. E foi assim que, em setembro de
1575, partiu para a Paraíba, sendo que, desta vez, os ventos contrários
conspiraram contra o governador e desbarataram inteiramente a frota, que foi
obrigada a retornar ao porto, bastante avariada.
A
segunda expedição, propriamente dita, foi organiza por Frutuoso Barbosa, que
havia recebido do Cardeal D. Henrique, quando este ocupava o trono de Portugal,
à provisão de capitão-mor da Paraíba, pelo prazo de dez anos, mediante a
condição de fazer, às suas custas, a conquista e o povoamento da capitania. Só
que, ao ancorar em Pernambuco com seus quatro navios, um violento temporal se
abateu sobre a frota, destruindo três embarcações.
Retornando
à Portugal, Frutuoso se refez como pôde do desastre sofrido, e voltou a
Pernambuco, tendo sido confirmado no posto de capitão-mor da Paraíba por ato do
Rei de Castela, Felipe II, que reunia, agora, na cabeça, as duas coroas
peninsulares.
-
Preciso da sua ajuda, Simão Rodrigues, como capitão-mor da vila de Olinda, para
que possa conquistar a Paraíba – disse o Rei.
-
Ajudarei no que for preciso – garantiu Simão.
Arregimentando
a tropa, partiu Frutuoso Barbosa por mar, enquanto Simão Rodrigues Cardoso,
capitão-mor da Vila de Olinda, seguia por terra, à frente de 200 homens
armados, devendo as duas forças se encontrarem na foz do rio Paraíba.
Frutuoso
Barbosa deixou uma parte da armada na Ilha da restinga, retirando-se com o
restante da frota para a foz do rio Paraíba, em Cabedelo, a fim de examinar o
sítio onde devia fundar a povoação. Sentindo tudo calmo, os expedicionários da
Restinga saíram por terra e foram atacados por índios e franceses, que estavam
à espreita. Quarenta homens foram mortos, inclusive o filho de Frutuoso.
- Não
posso suportar tão duro golpe – disse, aflito, Frutuoso. Vou abandonar esta
terra hostil para sempre !
Mesmo
com a chegada de Simão Rodrigues e seus soldados, Frutuoso Barbosa, cercado de
índios por todos os lados, resolveu pedir socorro à Bahia, tendo o governador
Manuel Teles Barreto providenciado uma terceira expedição à Paraíba, agora sob
o comando do general espanhol Diogo Flores Valdez, que partiu, em março de
1584, com uma armada composta por nove navios.
Ao
chegar à Ilha da Restinga, a armada de Diogo Flores afundou algumas naus
francesas, carregadas de pau-brasil e, logo depois, já em terra firme,
espanhóis e portugueses começaram a discutir sobre a fundação da cidade.
- Desta
vez, Frutoso, nós conquistaremos a Paraíba -disse Valdez.
- Assim
espero, general – concordou Frutuoso.
- O
forte deve ser erguido aqui, à margem esquerda do Paraíba. Onde terá início o
povoamento da capitania – prosseguiu o espanhol, mostrando no mapa.
- Como
Governador da Paraíba, General Valdez – discordou Frutuoso -acho que o forte
deve ser construído na foz do rio, pois só assim os moradores ficarão
protegidos contra os ataques dos índios.
- Não
lhe reconheço autoridade suficiente, Frutuoso, para discordar de mim – concluiu
Valdez - o forte será edificado no lugar que escolhi !
-
Ficaremos sem condições de receber socorro de Itamaracá e Pernambuco ! –
lembrou o governador.
- Não
importa ! Mantenho a decisão ! – disse, firme, Valdez.
A obra,
toda de taipa, foi iniciada imediatamente e concluída em pouco mais de um mês,
seguindo-se nova desfeita a Frutuoso Barbosa: Valdez concedeu o cargo de
alcaide a Francisco Castejon, capitão de infantaria de sua arma, a quem confiou
110 soldados espanhóis.
- A
alcaiadaria tinha de ser minha por direito próprio, já que sou o capitão-mor da
Paraíba ! – reclamou Frutuoso.
-
Contente-se, Frutuoso – retrucou Valdez – em ser o cabeça de 50 portugueses que
ficarão no forte !
Dias depois,
algumas dezenas de soldados, sob o comando do capitão Antonio Leitão, saíram do
forte para inspeção e, de repente, foram impiedosamente atacados pelos índios.
- É um
ataque ! Voltem ao forte !– gritou o capitão.
Só que
era tarde demais: os potiguaras, além de matar os soldados que inspecionavam a
área, logo partiram para o acampamento, botando pra correr o capitão Felipe de
Moura, governador de Pernambuco, que entrou por um alagadiço, seguido por seus
homens, que passavam uns por cima dos outros. Neste assalto, os índios mataram
mais de 500 pessoas, sendo que o restante da tropa bateu em retirada, sem
parar, sequer, para socorrer os feridos. E foi assim que o poderoso exército
que partira, em abril, de Pernambuco, com mais de mil soldados, retornava,
agora, em junho, com apenas 250 homens.
No
forte, sitiado pelos indígenas, Castejon e Frutoso, apavorados, não sabiam o
que fazer. Ali estavam, aprisionados entre grossas paredes de taipa, 160
soldados, sob o comando de dois chefes que não se entendiam.
- O
culpado desta tragédia é você, Castejon – vociferou Frutuoso. Comunicarei o
fato ao Ouvidor-Geral !
No forte, sitiado pelos indígenas, Castejon e
Frutuoso, apavorados, não sabiam o que fazer.
Ali estavam, aprisionados entre grossas paredes de
taipa, 160 soldados, sob o comando de dois chefes
que não se entendiam.
- Ora, cale-se ! – gritou Castejon – Se há um culpado em
tudo isso é você e sua incapacidade !
E o
cerco ao forte continuava, já que a artilharia não intimidava os atacantes que,
durante a noite, cavavam valados e levantavam cercas, com grossos troncos de
palmeiras, apertando cada vez mais o sítio. Aos poucos, a fome começava a
castigar os sitiados que, a falta de outros recursos, comeram todos os cavalos
deixados no forte.
Em
setembro de 1584, oprimido e faminto, o alcaide Castejon tomou uma embarcação
das que tinha em seu poder e partiu para Pernambuco, retornando no mês
seguinte, com poucas provisões, o que demonstrava claramente a queda do seu prestígio.
- Ao que
parece, alcaide, já não acreditam em você... – disse, com ar crítico, Frutuoso.
-
Deixe-me em paz, Frutuoso ! – disse Castejon, irritado.
Em
novembro, duas naus francesas entraram na Paraíba, fundearam na Baia da Traição
e todos os seus ocupantes, fortemente armados, rumaram para a várzea, a fim de
ajudar os potiguaras no cerco ao forte.
- Viemos
ajudar os amigos – disse o capitão francês.
Ao tomar
conhecimento da presença dos franceses, o ouvidor-geral mandou, sob o comando
de Gaspar Dias Morais, uma embarcação, com 100 homens a bordo, à Paraíba.
Animado com este socorro, o alcaide Castejon, com as embarcações chegadas de
Pernambuco e mais as que já tinha no forte, rumou para a Baia da Traição, onde,
após grande troca de tiros, queimou as naus francesas que lá estavam ancoradas,
matando alguns homens da tripulação que ficaram a bordo.
Por essa
época, no entanto, chegava à Paraíba um novo aliado dos potiguaras – os índios
tabajaras – que estavam vindo de longe para viver naquela terras, tendo, como
chefe, o famoso Piragibe, cujo valor como guerreiro já era conhecido dos
portugueses.
Os dois
caciques se encontraram, aceitaram a união e demarcaram suas áreas.
- Nós
viemos em paz, mas não fugimos da guerra, já que viemos para ficar – disse
Piragibe. Seremos aliados na luta contra o branco invasor – concluiu.
- Vamos
estabelecer uma linha divisória, a fim de que possamos viver em paz – sugeriu o
cacique potiguar. Vocês ficam aqui, onde já estão, à margem esquerda do rio, e
nós ficaremos do outro lado, com liberdade para avançar rumo ao sul, até
Itamaracá !
Após o
acordo, potiguaras e tabajaras aumentaram o cerco em volta do forte. Lá dentro,
abatidos pela fome e pela doença, os sitiados sabiam que logo teriam que
abandonar o local.
O próprio
Calderon admitiu a derrota, dizendo:
-
Mandarei uma embarcação a Pernambuco, informando a Martim leitão que resolvi
abandonar a Paraíba !
A
alarmante notícia provocou pânico em Olinda e, às pressas, foi organizada uma
nova marcha sobre a Paraíba, comandada, agora, pelo próprio MartimLeitão: era a
quarta expe-dição que se fazia rumo à terra rebelde.
- Eu
mesmo comandarei a expedição e organizarei um exército nunca visto – garantiu o
comandante.
Em
poucos dias, realmente, ele conseguiu reunir mais de 500 homens brancos, uns a
pé e outros a cavalo, sem contar os mamelucos, índios domésticos e escravos. E
foi assim que, em primeiro de março, Martim Leitão já adentrava a Paraíba,
percorrendo, a duras penas, o apertado caminho no meio do mato, até encontrar a
aldeia de Piragibe, quando tentou uma aliança com os tabajaras, mandando o
padre Jerônimo Machado e outros embaixadores conversarem com os índios. Tudo,
no entanto, foi em vão, já que os tabajaras não confiavam nos portugueses.
Notando
que a negociação de paz era impraticável, Martim Leitão resolveu prosseguir com
a guerra.
-
Destruam todas as aldeias que encontrarem pelo caminho ! – ordenou.
Foi a
partir daí que o exército, queimando aldeias e matando índios, conseguiu
chegar, finalmente, ao forte São Felipe, onde seus ocupantes, premidos pelo
longo sítio, ficaram reduzidos à verdadeiras ruínas humanas. Ninguém mais – nem
mesmo Frutuoso Barbosa – aceitava voltar à Paraíba, onde, depois de onze anos
de lutas incessantes, a grande conquista estava resumida apenas nas ruínas de
um velho forte abandonado.
Martim Leitão
insistiu com Frutuoso Barbosa para que se largasse dali e fosse fundar a
povoação. Garantiu que ficaria com ele durante seus meses, ajudando-o com 80
homens e mantimentos e que, ao cabo desse tempo, ele seria substituído por seu
cunhado, Francisco Barreto. Mas Frutuoso estava vencido.
- Eu
perdi a minha alma entre as sombrias paredes deste forte – disse, amargurado.
Desisto de tudo ! Neste momento, o que mais desejo é sair desta malfadada terra
e nunca mais voltar a pôs os pés aqui ! – afirmou, com lágrimas nos olhos.
No dia 6
de abril de 1585, Martim Leitão regressou à Olinda, deixando, no forte, vinte
homens, muitas provisões e um novo capitão, Pero Lopes, que só ficou na Paraíba
até o mês de junho, quando abandonou o posto.
Só que o
pior estava por acontecer: cansado de esperar por socorro, Castejon abandonou o
forte, pôs fogo no baluarte, jogou no rio toda a artilharia e munição, afundou
uma nau e partiu para Itamaracá, com todos os seus homens, lamentando:
- É uma
pena que tudo tenha acabado assim...
Tudo
parecia indicar que a Paraíba, realmente, era uma causa perdida, quando, numa
certa manhã, dois índios procuraram o ouvidor-geral...
- Nós
trazemos um recado do chefe Piragibe – disse um deles.
- Qual o
recado do grande chefe tabajara ? – quis
saber Martim Leitão.
- Os
potiguaras são em maior número – prosseguiu o selvícola. Encurralaram tabajaras
no litoral. Se homem branco não ajudar Piragibe muitos dos nossos morrerão.
Teremos que fugir. – finalizou.
Decidido
a ajudar Piragibe, Martim Leitão entrou em entendimento com João Tavares,
escrivão da Câmara e juiz de órfãos em Olinda, a quem confiou a execução das
suas ordens, dizendo:
- Confio
em você, João Tavares. Leve vinte homens bem armados e dê a necessária ajuda a
Piragibe ! É esta a oportunidade que não mais esperávamos para conquistar a
Paraíba !
- Fique
tranquilo – garantiu o escrivão. Cumprireitodas as suas instruções !
No dia 2
de agosto, João Tavares partiu de Pernambuco, a bordo de uma caravela bem
equipada, levando apenas vinte homens e dois índios mensageiros. E foi assim
que, desta maneira, a mais modesta de todas as expedições parecia fadada a
cumprir a missão tão árdua-mente perseguida durante mais de uma década.
No dia
seguinte, chegando à embocadura do rio, João Tavares se encontrou com Piragibe
e os dois firmaram as pazes.
- Nós
cumprimos a nossa parte – disse o lusitano – e viemos em socorro do grande
chefe tabajara. Agora, juntos, conquistaremos a Paraíba e venceremos os
potiguaras !
Subindo
o rio, o navio disparou vários tiros contra os potiguaras que, julgando
tratar-se de uma grande força invasora, fugiram para o interior.
De
acordo com as instruções recebidas do ouvidor-geral, João Tavares lançou âncora
diante do local onde seria fundada a nova cidade.
No dia 5
de agosto de 1585, ele desceu à terra. Era o dia dedicado à Nossa Senhora das
Neves.
E ele
disse em voz alta:
- Aqui
fundaremos uma cidade... a Cidade de Nossa Senhora das Neves !
Tomando
conhecimento da boa notícia – já que Piragibe mandou 40 dos seus guerreiros à
Olinda, Martim Leitão partiu por terra para a Paraíba, acompanhado de 25
cavaleiros, além de 40 homens a pé, pedreiros, carpinteiros, cavoqueiros e
oficiais de outros ofícios, destacando-se, dentre eles, Duarte Gomes da
Silveira e Pero Lopes Lobo, capitão de Itamaracá.
- Antes
do fim do mês, Duarte, chegaremos ao nosso destino – disse.
Realmente,
em fins de outubro, Martim Leitão chegou à Paraíba, encontrando-se com João Tavares.
- A
escolha do sítio foi admirável, João: a cidade ficará bem defendida.
No dia 4
de novembro, foram iniciadas as obras de um forte, no sopé de um barranco, na
bacia do Sanhauá.
Por
ordem de Martim Leitão, João Tavares, Pero Lopes e Duarte da Silveira, com
muitos homens, foram à serra de Copoaba, onde quatro ou cinco aldeias
potiguaras foram destruí-das.
Tão logo
João Tavares retornou, Martim Leitão, reunindo 85 brancos e 180 índios
tabajaras, resolveu, a 20 de novembro, seguir para a Baia da Traição, onde,
segundo notícias, encontravam-se algumas náus francesas. Apesar da dura
jornada, percorrendo caminhos inós-pitos e enfrentando muita chuva, várias
aldeias foram destruídas e centenas de índios caíram por terra sem vida.
Realizada
essa tarefa, o ouvidor-geral deixou João Tavares no forte, como capitão da
Paraíba, com 35 homens e provisão para quatro meses, regressando a Pernambuco
no dia 20 de janeiro de 1586.
- O
posto de capitão da Paraíba – disse – é uma homenagem à sua bravura !
- Tentarei
honrá-lo, senhor Ouvidor Geral – garantiu João Tavares.
Mas a
presença de João Tavares no governo, nesta fase inicial, foi breve e
melancólica. No dia 2 de abril, o capitão espanhol Francisco Morales,
acompanhado de 50 soldados, chegou à Paraíba e se apossou do forte.
-
Considere-se destituído do posto – informou. A partir de hoje, o forte está sob
meu comando !
O
capitão, que era um côxo cheio debravatas, provocou a ira dos tabajaras, que se
amotinaram nas suas aldeias. Ao mesmo tempo, náus francesas reapareceram na
Baia da Trai-ção e os potiguaras voltaram aos assaltos, matando, num deles, em
Tibiri, mais de 80 pessoas.
-
Capitão Morales - um dos soldados avisou – a situação é insustentável: estamos
sendo atacados por todos os lados !
Sentindo-se
perdido, Morales abandonou o forte emoutubro, retornando à Olinda. No dia
seguinte, véspera de Natal, entregou o comando do forte ao capitão Pero de
Albu-querque, partindo, nesta mesma data, para o sertão de Capoaba. Com um
exército composto por 140 , brancos e mamelucos, e 500 índios flecheiros, o
ouvidor-geral levou, ao seu lado, au-xiliares de confiança, como Duarte da
Silveira, Ambrósio Fernandes Brandão, João Tavares e muitos outros.
- Este
exército – garantiu – acabará com todas as aldeias, terminando, em definitivo,
com a resistência !
Da Serra
do Copoaba até chegar à Baia da Traição, o exército de Martim Leitão destruiu
dezenas de aldeias, matando centenas de índios, num processo de limpeza de terreno, que ele julgava
necessário para que se concretizasse a conquista.
De volta
dointerior, em fins de janeiro, Martim Leitão começou o povoamento da Paraíba,
construindo um forte às margens do rio Tibiri, onde já estava o engenho de
El-Rei.
Deixando
João Tavares no governo da Paraíba, o ouvidor-geral retornou a Pernambuco,
onde chegou em meados de fevereiro de 1587, bastante abatido fisicamente, pois
contraira malária e o que era ainda pior estava por acontecer.
- Que
grave notícia o senhor tem para me dar, capitão ? – perguntou.
- Tenho
ordens para destitui-lo do cargo de ouvidor-geral do Brasil e conduzir-lhe
preso à metrópole ! – disse o capitão.
Denunciado,
pelo Governador Manoel Teles Barreto, por haver favorecido os padres da
Companhia de Jesús, o ouvidor foi demitido, mandado preso para Lisboa e perdeu
todos os seus bens.
- Pelo
menos a Paraíba foi conquistada – pensou. Espero que ela floresça.
Naquele
momento, no local escolhido, João Tavares mandou construir uma capela
provisória, onde hoje existe a Catedral, situada na colina acima do forte, sob
a invocação de Nossa Senhora das Neves. Entre a capela e o forte, havia uma
descida que depois se chamou Ladeira de São Francisco.
Em
meados do ano de 1588, João Tavares passou o governo da Paraíba a Frutuoso
Barbosa, que chegou em companhia do espanhol D. Pedro de La Cueva, nomeado capitão do forte e comandante dos
soldados espanhóis remanescentes das tropas de Castejon e Morales.
-
Voltarei à Olinda, Frutuoso – disse João Tavares. Desejo que seja muito feliz !
Como as
experiências do passado já haviam demonstrado, o sangue português não se
cruzava bem com o espanhol, neste lado da colônia. Mal assumiram seus postos,
Frutuoso e Cueva passaram a se degladiar, disseminando a discórdia entre
castelhanos e lusitanos.
- Seus
homens precisam ajudar na luta contra os potiguaras – disse Frutuoso.
- Não
conte comigo nem com ninguém da minha tropa – asseverou Cueva, concluindo: Meus
homens não mexerão um dedo. A terra não é sua ? Resolva o problema sozinho !
Pressionado
pelos ataques dos potiguaras, ameaçado pelos franceses e sem nada poder fazer
contra os constantes assaltos, Frutuoso pediu socorro a Pernambuco e Itamaracá.
Uma nova expedição partiu de Olinda, então, em 1590, sob o comando de João
Tavares.
-
Voltarei à Paraíba para garantir o que foi conquistado ! – garantiu o
comandante.
Só que,
desta vez, o bravo e incansável português não chegaria ao seu destino: num
trecho do caminho, seu coração, de súbito, deixou de bater.
- Meu
Deus... João Tavares está morto ! – garantiu o médico da expedição.
Com a
morte de João Tavares, assumiu Pero Lopes Lobo o comando da expedição, a pedido
de Filipe Cavalcanti, novo capitão-mor de Pernambuco.
Ao
chegar ao seu destino, Pero Lopes acampou na aldeia do Assento do Pássaro e
mandou chamar, à sua presença, Frutuoso Barbosa e Pedro de La Cueva.
- Para
que eu possa voltar à Itamaracá com a certeza do dever cumprido – disse o
co-mandante aos dois -, é preciso que vocês ponham fim à rivalidade existente,
trocando, agora mesmo, um fraternal abraço !
Os dois
inimigos se abraçaram, então, dando a entender que, doravante, as desavenças,
finalmente, haviam chegado ao fim.
-
Acredito que já posso voltar à minha terra –pensou o comandante em voz alta.
Tão logo
Pero Lopes regressou à sua capitania, no entanto, os ódios e as diferenças
ressurgiram com mais intensidade ainda, e os potiguaras, como antes, também
voltaram a ata-car, deixando a situação tão insustentável que El-Rei ordenou
que D. Pedro de La Cueva retor-nasse ao reino, o que fez Frutuoso respirar
aliviado:
- Pode
ser que, agora, a gente possa trabalhar em paz !
Uma das
medidas de grande alcance do governo de Frutuoso foi a mudança do nome da
cidade para Filipéia de Nossa Senhora das Neves, em homenagem ao monarca que
lhe restituira a Capitania. Outra medida importante foi a convocação de
religiosos franciscanos para que fundassem um convento. Para tanto, em 1589,
Frei Merchior de Santa Catarina recebia o terreno, onde, de início, os frade s
construíram um conventinho, mas logo começaram a cons-trução do majestoso
edifício da igreja e convento de São Francisco.
Foi em
frente ao conventinho que surgiu, logo, a terceira rua da cidade, que tomou o
nome de rua Direita (hoje, rua Duque de Caxias).
Quando
os capuchinhos de São Francisco, usando métodos mais persuasivos, conseguiram
atrair grande número de índios, os padres da Companhia de Jesús, que tinham a
catequese como um monopólio exclusivo de sua ordem, tomaram-se de ciúme e
passaram a pressionar o Governador contra os franciscanos, criando um clima de
desavenças que logo passou a influir no desenvolvimento da capitania.
- Não
podemos admitir que os franciscanoscontinuem presentes nas tabas indígenas –
asseverou um padre. Nós estamos aqui desde os primeiros dias e a catequese é a
nossa grande missão !
Depois
de denunciar os jesuítas ao Rei, apontando-os como responsáveis pela
conturbação da ordem na Capitania, definindo-se, portanto, em favor dos
franciscanos, Frutuoso re-solveu construir um forte em Cabedelo.
-
Precisamos construir o forte – raciocinou Frutuoso – já que os navios franceses
voltaram a ser vistos em nossas costas !
Até aí a
questão religiosa influiu: Piragibe, premido pelos jesuítas, não permitiu que
seus homens prestassem ajuda a Frutuoso na construção do forte, tendo participado,
apenas, do empreendimento, os índios dos padres seráficos.
Na
primeira metade de 1591, Frutuoso Barbosa, sem nenhuma explicação aparente,
deixou o governo da Paraíba, sem esperar, sequer, que nomeassem seu substituto
legal.
Para
assumir provisoriamente o governo da capitania, chegou à Paraíba, logo em
seguida, André de Albuquerque, filho de Jerônimo de Albuquerque com a índia
Maria do Espírito Santo Arcoverde. Deste governo provisório pouco se sabe,
senão que foi durante esse período (1591/1592) que os potiguaras destruíram o
forte de Cabedelo, matando toda a guarnição.
Em maio
de 1592, o capitão-mor Feliciano Coelho de Carvalho assumiu o governo
paraibano, justamente quando os potiguaras mais atacavam a cidade.
- Vamos
acabar de uma vez por todas – prometeu Feliciano – com esses ataques dos índios
! Pedirei ajuda a Pero Lopes, em Itamaracá, e colocaremos os gentios nos seus
devidos lugares !
Com um
forte exército, Feliciano Coelho partiu em demanda a Copaoba, onde, como um
vendaval, destruiu inúmeras aldeias, deixando milhares de mortos.
Do Rio
Grande (hoje, Potengi), retornou ao ponto de partida, tomando logo medidas para
diminuir a força dos tabajaras e dos jesuítas.
- Vamos
dividir a aldeia de Piragibe em duas – ordenou Feliciano -, localizando-as no
interior da Paraíba !
Mesmo
contra a vontade dos jesuítas, Feliciano dividiu a aldeia de 1.100 índios de
Pira-gibe em duas e, como havia resistência à essa sua ordem, mandou destruir a
aldeia velha.
- A
aldeia destruída foi feita por nós ! – disse o chefe dos jesuítas. Vamos
reclamar ao Governador-Geral !
- Podem
reclamar – respondeu Feliciano – mas aqui, na Paraíba, quem manda sou eu !
Os
padres da Companhia de Jesús denunciaram o fato a Francisco de Sousa,
Governador Geral do Brasil, que deu ganho de causa aos jesuítas. Irritado,
Feliciano Coelho negou-se a cumprir a ordem, denunciando o Governador e os
jesuítas ao Rei. Ao cabo de algum tempo, o Governador da Paraíba recebeu uma
carta de El-Rei, dando-lhe plenos poderes para resolver a questão.
A carta,
num certo trecho, dizia: “...feita a inquisição, vos mando que, se os padres da
Companhia forem culpados, os despedireis para não mais tornarem a morar nessa
capitania, e os religiosos de São Francisco doutrinarão todo o gentio...”
Foi assim
que, em 1595, os jesuítas foram expulsos da Paraíba.
O ano de
1595 foi muito agitado para Feliciano Coelho: além dos ataques constantes dos
índios, o Governador teve que enfrentar uma luta interna contra os
franciscanos, que passaram a agir exatamente como os jesuítas, mandando e
desmandando nas aldeias.
- Aos
franciscanos – advertiu Feliciano – compete a educação dos gentios. Não admito
punições nem interferências na minha jurisdição. Se insistirem, eu os
expulsarei da Paraíba !
Dirigindo-se
aos franciscanos:
- Podem
voltar a atuar junto aos índios na área da educação e apressem a construção do
convento. Devo partir para a Copaoba,a fim de enfrentar os potiguaras.
Depois
de vários combates, quando infringiram sucessivas derrotas aos gentios, os portugueses
retornaram à cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves, tendo o Governador
Feliciano Coelho, ferido numa contenda, ficado aleijado de uma perna.
Sentindo
que os capuchinhos contavam com o apoio de Francisco de Sousa, e que El-Rei não
aceitaria a expulsão, Feliciano deu tréguas aos franciscanos,que voltaram a
trabalhar com afinco nas obras do convento e da catequese.
No ano
seguinte, treze navios franceses investiram contra a fortaleza de Cabedelo,
ata-cando por mar e por terra, onde desembarcaram 350 soldados.
A fortaleza, defendida apenas por vinte homens e contando
com cinco peças de artilharia, resistiu ao ataque com tanta bravura, que os
franceses julgaram tratar-se de um grande exército ali aquartelado.
- Devem
existir centenas de homens dentro deste forte ! – gritou um dos franceses.
Quando o
comandante francês tombou morto, os invasores resolveram bater em reti-rada,
voltando atabalhoadamente aos navios, que logo rumaram em busca do rio grande,
onde o restante da esquadra os aguardava.
Mesmo
tendo perdido também o seu comandante, os soldados do forte comemo-raram, com
alegria, a fuga dos franceses.
- Eles
fugiram !Vencemos !
-
Vitoria !Vitoria !
Ao mesmo
tempo em que transcorriam esses fatos repletos de coragem e bravura, o Santo
Ofício chegava à Paraíba, em 1595, através do visitador Heitor Furtado de
Mendonça, que instalou, aqui, oficialmente, no dia 8 de janeiro, a Santa
Inquisição, dizendo:
-
Concedo a todos desta Capitania 15 dias de graça para que, confessando suas
culpas e denunciando as alheias, possam obter o perdão e evitar o confisco dos
seus bens.
Nasceu,
a partir daí, a história de Branca Dias, que já virou lenda, que envolve uma
jovem de singular beleza, filha de Simão Dias e Maria Alves Dias, moradores do
Engenho Velho, em Gramame.
Noiva e recatada, Branca Dias recebeu,
com espanto, a ardente declaração de amor de um padre, repelindo-o.
Por
vingança, o padre a denunciou à Santa Inquisição, que a julgou e a condenou
como judaizante, tendo a donzela sido enviada à Lisboa.
A morte
na fogueira – diz a lenda –foi o tríste fim de Branca Dias, que preferiu
suportar o terrível castigo a negar seus verdadeiros sentimentos.
De acordo com as instruções do Ouvir-Geral,
João Tavares lançou âncora diante do local
onde seria fundada a nova cidade. No dia 5
de agosto de 1585, ele desceu à terra. Era o
dia dedicado à Nossa Senhora das Neves. E
ele disse: "Aqui fundaremos uma cidade... a
Cidade de Nossa Senhora das Neves !"
Voltemos, agora, ao Governador Feliciano Coelho, a quem o
capitão-mor de Pernambuco, Manoel Mascarenhas Homem,pediu ajuda e conselho
sobre a conquista do Rio Grande – iniciativa que deveria ser tomada de
imediato, por ordem real, devido a presença dos franceses na região.
-
Partirei hoje mesmo rumo à Paraíba – disse consigo mesmo -, pois a ajuda e a experiência
de Feliciano são essenciais à essa conquista !
Foi
assim que, em dezembro de 1597, uma armada de seis navios e cinco caravelões,
mandada da Bahia pelo Governador Francisco de Sousa, chegou à terra paraibana.
De Olinda vieram, por terra, Manoel Mascarenhas, com quatro companhias,
capitaneadas por Jerônimo de Albuquerque e seu irmão Jorge de Albuquerque, além
de Antonio Leitão Mirim e Manoel Leitão.
Traçados
os planos de ocupação do Rio Grande, Manoel Mascarenhas seguiu com a esquadra,
levando consigo quatro eclesiásticos, inclusive o Frei Bernardino das Neves,
filho de João Tavares. Feliciano Coelho seguiu por terra, com as quatro
companhias de Pernambuco e mais uma da Paraíba,num total de de 178 a pé e a
cavalo, além dos índios, em número de 820, chefiados por Piragibe, Assento de
Pássaro, Cardo Grande e Pedra Verde.
Quando
esse poderoso exército chegou à fronteira do Rio Grande, um homem caiu ao chão
e uma terrível ameaça o fez parar.
- Este
homem está morrendo – disse o médico. É a peste !
A
varíola, a partir dali, atacou de tal modo os expedicionários, envolvendo
brancos e índios, que o número de mortos era de dez a doze por dia.
-
Afastem-se dos pestilentos ! – gritavam os comandantes. Afastem-se deles ou
contrairão a moléstia !
Os mortos
que Feliciano deixou na fronteira foram a primeira experiência de uma guerra
bacteriológica: os índios, que tinham o costume de esmagar a cabeça dos
inimigos antes de despojá-los, foram contaminados pela doença, amanhecendo, em
certas aldeias, cem pessoas mortas.
Refeito
dos estragos causados pela varíola, Feliciano Coelho chegou ao Rio Grande, onde
já se encontrava Manoel Mascarenhas, que o recebeu, dizendo:
- Preciso
da sua ajuda na luta contra os potiguaras ena construção de um forte.
- Pode contar com a participação
da Paraíba – garantiu Feliciano.
O forte, com a participação de
todos, foi construído e denominado Reis Magos, já que a sua construção
foiiniciada no dia 6 de janeiro (Dia de Reis) e concluído no dia 24 de junho de
1598, quando foi entregue por Mascarenhas a Jerônimo de Albuquerque: estava conquistado
o Rio Grande do Norte.
- O forte está sob o seu comando,
Jerônimo. Defenda-o com a própria vida !
Na viagem de retorno à Paraíba,
atacaram e mataram muitos potiguaras. Só numa aldeia, mais de 1.500 inimigos
foram mortos, caindo por terra apenas três tabajaras.
Foi nesses combates que surgiu a figura lendária do índio
Tabira, cuja força descomunal e coragem sem limites, tornaram-no invencível.
- Eu sou Tabira ! – dizia, lutando.
Tabira ! A simples mençãodo nome
fazia os inimigos recuarem amedrontados. Simão de Vasconcelos o descreve como
“o terror e o assombro dos nossos adversários, matando tan-tos e fazendo tais
proezas com as armas que só a ele competia realiza-las !”
Podemos indicar dois fatos
importantes e diversos que contribuíram para que a paz com os potiguaras fosse
celebrada: a constante atuação dos jesuítas e capuchinhos, acenando aos gentios
com um mundo de maravilhas celestiais e a calamidade da varíola, que dizimou
dois terços da população indígena.
No dia 11 de junho, finalmente,
com as presenças de Feliciano Coelho de Carvalho, Manoel Mascarenhas Homem,
Alexandre de Moura, do ouvidor-geral Braz Almeida, Frei Bernardino das Neves
(que foi o intérprete), além do chefe Piragibe, Pau Seco e Ilha Grande,
representante do temível chefe Zorobabé, um pacto foi feito e a paz surgiu na
Paraíba.
Chegava ao fim o século XVI: por
menos que a Paraíba valesse, com apenas 15 anos de fundada, ela era, mesmo
assim, a terceira mais importante capitania do Brasil, vindo logo depois de
Pernambuco e Bahia.
SÉCULOS
XVIII/XIX
REVOLUÇÕES
- ANEXAÇÃO A PERNAMBUCO
- REVOLUÇÃO DE 1817
- CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
Ao começar o século XVII, a Paraíba
estava pacificada. Do litoral ao sertão, povoa-se uma terra ainda muito pobre,
já que só a partir de 1708, no governo de João Maia da Gama, foi que a cidade
se desenvolveu, quando a região selvagem passou a acolher os aventureiros , que
chegavam para tentar a sorte e os rebanhos passaram a aumentar, graças aos
excelentes campos.
O governador construiu um fortim na Baia
da Traição e um presídio no Cabo Branco, dando andamento as obrasda Fortaleza
de Cabedelo, edificando, em 1710, na Ladeira de São Francisco, a Casa da
Pólvora.
Passado
esse tempo de euforia, acontecimentos terríveis começaram a envolver a Paraíba,
levando-a à estagnação. Como se não bastassem as feridas da guerra e as secas
que se sucediam, a terra paraibana era sangrada em sua economia, já que os
produtos de exportação saiam quase todos pelo porto do Recife.
Todos
diziam à uma só voz:
- Se a
Paraíba continuar sendo espoliada por Pernambuco, logo chegaremos à uma crise
econômica sem precedentes !
Ou
então:
- Os
preços das mercadorias estão asfixiando o produtor: ninguém suporta mais tantos
prejuízos !
No porto
da Paraíba escasseavam navios. Quando chegava um, não havia carga, por-que os
atravessadores desviavam as mercadorias para o comércio de Pernambuco.
Finalmente,
em 1755, a Paraíba acabou anexada a Pernambuco, de acordo com o parecer do
Conselho Ultramarino. A expulsão dos jesuítas, quatro anos depois, acarretou
prejuizos à instrução do povo, pois o único colégio da capitania era mantido
por esses sacerdotes.
Em
1759, em Lisboa, foi fundada a Companhia de Comércio de Pernambuco e Paraíba,
que tinha, como objetivo, estimular o desenvolvimento das duas capitanias. Em
pouco tempo, no entanto, exercendo tremendo monopólio sobre as atividades
comerciais e massacrando as vítimas de sua ganância com seus privilégios
odiosos, a empresa acabou por apressar a falência da terra paraibana.
Na
verdade, até mesmo a natureza se voltava contra s nossa terra, que teve de
enfrentar muitas estiagens (inclusive a grande sêca de 1792, que soterraram,
assim, de uma vez por todas, as esperanças que ainda existiam de recuperação da
economia da capitania.
Findava
o século XVIII, quando veio governar a Paraíba, em substituição a Jerônimo José
de Melo e Castro, que esteve à frente da administração por 33 anos seguidos,
Fernando Delgado Freire de Castilho, que tomou posse em 1798, dizendo:
- Tenho
uma difícil missão: revitalizar esta capitania ! Preciso da colaboração de
todos.
A
capitania estava em completa estagnação, já que as fontes de renda se
encontravam esgotadas: os engenhos desprovidos de safra e de escravos; os
aparelhamentos fabris, estragados; os produtos agrícolas sem preço no
mercado; o comércio, inexistente; os
comerciantes, meros agentes do comércio do Recife, oprimiam o povo.
Na
verdade, Pernambuco absorvia tudo aquilo que a Paraíba produzia.
Na
Fortaleza de Cabedelo, o Novo governador observou o abandono. Até mesmo no
Palácio do Governo, parte do telhado estava desmoronado e o assoalho,
apodrecido, estava cheio de buracos, por onde escorria a água da chuva.
- Pelo
visto, o trabalho será bem maior do que imaginei ! – disse consigo mesmo.
Inicialmente,
o capitão-mor nada podia fazer, em virtude da subordinação ao governo
pernambucano, que negava, peremptoriamente, a realização de qualquer obra, por
menor que fosse, na capitania, mantendo-a, assim, escravizada à Junta da
Fazenda de Pernambuco.
E
decidiu:
- Farei
uma exposição ao governo de Portugal, mostrando que a Paraíba só terá
condi-ções de sair da inércia em que se encontra se reconquistar a sua
independência !
Com base
nas informações de Fernando de Castilho, a Raínha Dona Maria I baixou a Carta
Régia de 17 de janeiro de 1799, declarando a Paraíba liberta da subordinação
pernambu-cana.
-
Conseguimos ! – vibrou o governador. Agora, poderemos partir para recuperação
da Capitania !
A
Capitania da Paraíba voltava a figurar nos mapas geográficos da época.
Castilho
não somente livrou a terra paraibana do cativeiro em que vivia, como reativou
todas as frentes de atividade, incentivando o uso do arado nas várzeas da
cana-de-açúcar, aconselhando o aproveitamento do bagaço da cana como
combustível, a substituição dosmonjolos de descaroçar algodão pelo tipo
bolandeira, inventado pelo paraibano Manoel Arruda da Câmara, tomando medidas
administrativas e criando as capitanias-mores de ordenança da Vila Real dos
Cariris Velhos e da Vila Nova de Sousa.
E
determinou ainda:
- Quero
que você, Manoel Arruda da Câmara, como naturalista, prepare uma dissertação sobre
as fibras existentes nesta capitania !
E foi
assim que, no mesmo ano em que a Paraíba se libertou de Pernambuco, que surgiu
em Itambé, um aerópago – a exemplo do tribunal da antiga Atenas, na Grécia –
onde Manoel Arruda da Câmara, seu fundador, disseminava as ideologias da
revolução francesa contra o absolutismo monárquico de Portugal.
-
Precisamos pensar – dizia Arruda – num Brasil republicano, essencialmente
democrático, com noção de dignidade do homem, sem diferenciação entre brancos
e pretos ! Precisamos pensar num Brasil onde haja igualdade para todos !
Faziam
parte do aerópago, figuras de destaque, como André Dias de Figueiredo, Padre
João Ribeiro Pessoa – chefe do malogrado governo revolucionário de Pernambuco
-, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque Montenegro, José Pereira Tinoco
e outros.
-
Podemos até pensar – lembrava Arruda – numa república, sob a proteção de
Napoleão Bonaparte !
A partir
de 1808, o sistema colonial no Brasil entrou em decomposição. Com a vinda da
família real portuguesa, ocorreram várias transformações: abriram-se os portos
ao comércio das nações estrangeiras e a colônia foi elevada à categoria de
reino, em pé de igualdade com a velha metrópole lusitana. Criou-se a impressão
régia, ponto de partida para a imprensa periódica, revogaram-se as leis que
proibiam as atividades industriais no Brasil e, a par dessas conquistas, surgiram
as primeiras lojas maçônicas, primeiros sintomas da formação de uma consciência
nacional.
- Com o
nome de academia – concluiu Arruda -, fundaremos, também, em Pernambuco, as
nossas sociedades !
Oriundas
do aerópago de Itambé, do paraibano Manoel Arruda da Câmara, surgiram, assim,
em Pernambuco, sob a capa de academias, diversas sociedades secretas, a serviço
da subversão. Do Seminário de Olinda, fundado em 1817, eram lançadas as
sementes da idéia republicana no nordeste brasileiro, onde os padres eram os
arautos da revolução francesa e dos ideais republicanos.
No
Recife, os ânimos estavam acirrados, com portugueses e brasileiros sem se
tolerarem mais, sendo que o ódio dos nativos refletia-se contra o Rei,
depositário do absoluntismo, já incompatível com o andamento do século.
Nas conversas
entre brasileiros, era o que se ouvia:
- Os
portugueses ficam com os melhores empregos e com os negócios mais rendosos.
Eles nos consideram inferiores !
No dia 6
de março de 1817, o brigadeiro Manoel Joaquim Barbosa, odiado por sua
pre-potência, mandou chamar ao quartel os oficiais brasileiros, suspeitos como
conspiradores, para prendê-los.
- Vamos prendê-los ! – determinou Manoel Joaquim Barbosa. Eles
estão infectados pela peste da insurreição ! Eu os ensinarei a respeitar os
filhos do reino !
Quando chegou a vez de José Barros
de Lima – o leão coroado -, o oficial brasileiro, re-voltado com tanta
humilhação, puxou da espada e investiu contra o brigadeiro, prostando-o por
terra com certeiro golpe, à vista de outros oficiais portugueses.
Morto o brigadeiro, alastrou-se o
incêndio pelos quatro cantos do Recife.
Nesse mesmo dia, o governador
Caetano Pinto, deposto, refugiou-se na fortaleza do Brum.
Alguns portugueses, mais ousados,
foram mortos e os demais bateram em retirada.
Estava vitorioso o movimento
revolucionário.
Itabaiana foi o primeiro lugar da
Paraíba que aderiu à revolução. A 12 de março, o capitão João Batista do rego
Cavalcanti, juntamente com Manoel Clemente Cavalcanti, partiupara Pilar, onde,
com seus homens armados, juntaram-se às tropas de André Dias de Figueiredo e Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão e seguiram, resolutos, para a capital,
ali chegando no dia 14 de março, ao pôr-do-sol.
Com a notícia da aproximação das
forças do interior, ouvidorAndré Pereira Cirne, pre-sidente da junta
governativa, fugiu, na madrugada do dia 13, para Mamanguape e, daí, tomou o
caminho do sertão.
O governo provisório foi entregue
aos chefes militares Amaro Gomes Coutinho e Estevam José Carneiro da Cunha,
que vibraram:
- Conseguimos proclamar a
República na Paraíba quase sem derramamento de sangue. A Junta Governativa está
deposta !
As forças do interior, composta de
dois mil homens, chegaram à Paraíba, sendo recebi-das festivamente. No dia 15,
os chefes militares proclamaram a República e elegeram a Junta Governativa,
constituída pelo padre Antonio Pereira de Albuquerque Melo, Francisco Xavier
Monteiro da Franca e Francisco José da Silveira.
A Junta aboliu as insígnias reais,
bandeiras, armas, condecorações, tudo enfim que lembrasse o absolutismo
monárquico. Anistiou todos os condenados, implantou várias medidas saneadoras
e, a exemplo de Pernambuco, criou uma nova bandeira. Logo no início, mandou
uma expedição militar ao Rio Grande do Norte, sob o comando do jovem José
Peregrino de Carvalho, a fim de propagar a causa da República.
- Vá ao Rio Grande do Norte –
disse o padre Antonio Pereira – e dê todo o apoio possível aos idealistas
republicanos ! Seja um patriota !
- Assim farei ! – garantiu José
Peregrino.
Ao voltar do Rio Grande do Norte,
em fins de abril, depois de deixar a república pro-clamada na potiguar, sob a
garantia de André de Albuquerque Maranhão, Peregrino de Carvalho teve uma
tríste surpresa: encontrou o ideal republicano, na Paraíba, em ânsias de morte.
- Lutarei sozinho contra as forças
reais ! – disse o Peregrino.
- Será inútil o seu gesto ! –
informou o comandante. Como seu pai, peço-lhe que não resista !
As forças legais de João Alves
Sanches Massa e Matias Cabral marcharam sobre a cidade. Ficou frente a frente
com o inimigo. Só que na hora do combate, os soldados republicanos baixaram as
armas e se entregaram sem luta. Traido, Amaro Coutinho assinou a capitulação,
no dia 6 de maio, no Mosteiro de São Bento.
Estava acabada a República na
Paraíba.
No Recife, o legalismo estava
restabelecido. Uma comissão militar, instalada para apurar responsabilidades
dos implicados na revolução de 1817, passou a exercer vingança, em vez de
justiça, por parte do poder legal. Era o terror que se instalava em nome do
Rei, na Paraíba.
No dia 14 de maio, todos os chefes
civis e militares foram presos.
- Considere-se preso, José
Peregrino de Carvalho ! – disse um militar.
No dia 10 de julho, foram
enforcados os capitães Domingos Teotônio Jorge e José de Barros Lima, o Leão
Coroado.
Em seguida, no dia 21, foram
enforcados os patriotas paraibanos José Peregrino de Carvalho, Amaro Gomes
Coutinho e Francisco José da Silveira.
Dias depois, a 6 de setembro,
seguiram-se outras execuções, com o padre AntonioPe-reira de Albuquerque e
Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, quando todos tiveram as mãos e as
cabeças cortadas, a fim de que fossem expostas na Paraíba.
No dia 14 de maio, todos os chefes militares foram presos,
inclusive José peregrino de Carvalho.
O
grito da independência, portanto, não foi novidade para a Paraíba. Bem antes
disso, a Junta do Governo, em ofício a José Bonifácio, datado de 11 de junho de
1822, dava adesão ao príncipe D. Pedro e pleiteava dele as prerrogativas de
igualdade que a constituição assegu-rava às comunidades luso-brasileiras.
José Bonifácio disse a D. Pedro:
- Devo exaltar, perante vossa
alteza, o comportamento do povo paraibano, que deve merecer a proteção real !
Proclamada a independência, a
câmara da capital já realizava, em 29 de setembro, eleição para deputados à
assembleia constituinte do Rio de Janeiro. A 8 de outubro, declarou-se
desligada da metrópole portuguesa. A 28 de novembro, proclamou D. Pedro
Imperador do Brasil.
No dia 9 de abril de 1824, Filipe
Neri foi nomeado Presidente da Paraíba e, pelo sim-plesfáto de ter sido nomeado
pelo imperador, passou a ser visto com desconfiança.
- Vamos convocar as câmaras de
toda a província – decidiu Filipe – para eleição dos membros do conselho com o
qual terei de governar.
Em Pernambuco, Paes de Andrade
conclamava as províncias do norte a formarem um estado republicano, que se
chamaria Confederação do Equador. Na Paraíba, a Vila Real do Brejo de Areia
assumiu uma atitude de guerramcontra o governo, quando o Senado da Câmara
declarou não reconhecer autoridade no presidente da província: a esse ato de
insubordinação, aderiram as capitanias de Vila Nova da Raínha, Pilar, Monte-Mor
e São João do Cariri. No dia 9 de maio, um governo provisório, aclamado pelo
povo e pela tropa, foi aprovado pelas câmaras rebeldes e instalado em Areia,
tendo, como presidente, Felix Antonio de Albuquerque, que conclamou a todos:
- Vamos para Itabaiana, onde
receberemos o reforço prometido por Pernambuco !
Sob o comando do coronel Estevam
José Carneiro da Cunha, um forte contigente das forças de linha chegava à
Pilar, que fica a pouca distância de Itabaiana, onde estava acampada a tropa
rebelde. A 24 de maio, desferiu-se, portanto, a maior batalha já travada em
solo paraibano e a mais importante, talvez, da Confederação do Equador,
envolvendo cerca de quatro mil homens, de ambos os lados.
Ao cabo de quatro horas de luta, o
exército imperial já contava com 90 homens mortos e o da revolução com 23, além
de 130 soldados aprisionados pelas forças legais. A coluna do Governo recuou
para Pilar e a da revolução para a povoação de Serrinha.
O
grito da independência, portanto, não foi novidade para a Paraíba. Bem antes
disso, a Junta do Governo, em ofício a José Bonifácio, datado de 11 de junho de
1822, dava adesão ao príncipe D. Pedro e pleiteava dele as prerrogativas de
igualdade que a constituição assegu-rava às comunidades luso-brasileiras.
José Bonifácio disse a D. Pedro:
- Devo exaltar, perante vossa
alteza, o comportamento do povo paraibano, que deve merecer a proteção real !
Proclamada a independência, a
câmara da capital já realizava, em 29 de setembro, eleição para deputados à
assembleia constituinte do Rio de Janeiro. A 8 de outubro, declarou-se
desligada da metrópole portuguesa. A 28 de novembro, proclamou D. Pedro
Imperador do Brasil.
No dia 9 de abril de 1824, Filipe
Neri foi nomeado Presidente da Paraíba e, pelo sim-plesfáto de ter sido nomeado
pelo imperador, passou a ser visto com desconfiança.
- Vamos convocar as câmaras de
toda a província – decidiu Filipe – para eleição dos membros do conselho com o
qual terei de governar.
Em Pernambuco, Paes de Andrade
conclamava as províncias do norte a formarem um estado republicano, que se
chamaria Confederação do Equador. Na Paraíba, a Vila Real do Bre-jo de Areia
assumiu uma atitude de guerramcontra o governo, quando o Senado da Câmara
declarou não reconhecer autoridade no presidente da província: a esse ato de
insubordinação, aderiram as capitanias de Vila Nova da Raínha, Pilar, Monte-Mor
e São João do Cariri. No dia 9 de maio, um governo provisório, aclamado pelo
povo e pela tropa, foi aprovado pelas câmaras rebeldes e instalado em Areia,
tendo, como presidente, Felix Antonio de Albuquerque, que conclamou a todos:
- Vamos para Itabaiana, onde
receberemos o reforço prometido por Pernambuco !
Sob o comando do coronel Estevam
José Carneiro da Cunha, um fort e contigente das forças de linha chegava à
Pilar, que fica a pouca distância de Itabaiana, onde estava acampada a tropa
rebelde. A 24 de maio, desferiu-se, portanto, a maior batalha já travada em
solo parai-bano e a mais importante, talvez, da Confederação do Equador,
envolvendo cerca de quatro mil homens, de ambos os lados.
Ao cabo de quatro horas de luta, o
exército imperial já contava com 90 homens mortos e o da revolução com 23, além
de 130 soldados aprisionados pelas forças legais. A coluna do Governo recuou
para Pilar e a da revolução para a povoação de Serrinha.
- Suspendam o combate ! – ordenou
o comandante governista. Voltemos para Oilar !
Em Serrinha, Felix Antônio,
presidente temporário da Paraíba, ao receber reforços de Pernambuco,marchou
sobre Pilar, encontrando-a desocupada: os governistas já haviam volta-doprá
capital.
- Devemos seguir para a capital –
decidiu Felix Antônio – e prender o presidente Felipe Néri !
Outra expedição, no entanto, já
era mandada contra os rebeldes, que abandonam Pilar, recuando para Feira Velha,
na divisa com Pernambuco, onde ficam acampados. Queren-do apaziguar a Paraíba,
Felipe Néri resolveu deixar o governo, dando posse ao conselheiro Ale-xandre
Francisco de Seixas Machado. Enquanto isso, no Recife, sob o comando do
brigadeiro Lima e Silva, as forças legais cercavam os revolucionários. Sem
muita resistência, Lima e Silva o-cupa a capital pernambucana e se instala no
Palácio do Governo. A 12 de setembro do mesmo ano, estava encerrada a
Confederação do Equador.
- Vamos acabar com o restante dos
rebeldes que se encontra em Goiana ! – autorizou Lima e Silva. Eles terão que
pagar pelo crime de se insurgirem contra o Imperador !
Afora a rebelião praieira, que
teve início no Recife e veio acabar em Areia, na Paraíba, com o coronel
Feliciano Falcão invadindo a cidade e dispersando os revoltosos, dentre os
quais se destacaram, por sua bravura, Borges da Fonsêca e Maximiniano Machado,
o século XVIII transcorreu sem outros acontecimentos de maior destaque, com a
capital da província conti-nuando estagnada, envolvida pelo progresso do
Recife, com os lampeões de azeite iluminando as suas noites escuras e os
caminhos do seu desenvolvimento.
No dia 16 de fevereiro de 1826,
surgiu o primeiro jornal – A Gazeta do Governo da Pa-raíba do Norte. Em 1928,
outro jornal, o Gazeta Paraibana, fundado por Antônio Borges da Fonseca, o mais
vibrante jornalista paraibano nos tempos provincianos. Mais tarde, em 1832, ele
mesmo, o Antônio Borges, lançava outro jornal – o Repúblico -, desfraldando a
bandeira da República, quando o império mal havia começado.
Em 1850, realizou-se, na Paraíba,
o primeiro recenseamento do Brasil, apontando uma população livre de 183.920
pessoas e uma população escrava de 28.546, totalizando 212.466 habitantes.
Poucas cidades figuraram no mapa
da Paraíba durante o período monárquico: afora a capital da província, que já
nasceu provida dessa dignidade, seguiram-se, pela ordem, Areia, em 18 de maio
de 1846, Mamanguape, em 25 de outubro de 1855, Pombal, em 21 de julho de 1862,
Campina Grande, em 11 de outubro de 1864, Cajazeiras, em 10 de julho de
1876,Bana-neiras, em 16 de outubro de 1879, e Guarabira, em 26 de novembro de
1887.
- A Vila Nova da Raínha, a partir
de agora, é a cidade de Campina Grande !
- disseram os campinenses, orgulhosos.
Um presidente que muito fez pelo
desenvolvimento material e cultural da Paraíba, foi sem dúvida,
BeaurepaireRohan, que ficou na presidência por menos de dois anos – de
dezem-bro de 1857 a junho de 1859 -, mas deixou a marca da sua passagem,
fundando um Jardim Bo-tânico, criando o Colégio das Neves, instalando uma
biblioteca e realizando estudos sobre as precárias vias de comunicação da
época.
- Não temos estradas... – dizia. E
sem estradas não há progresso !
Em dezembro de 1859, o imperador
Pedro II visitou a Paraíba. No dia 24, vindo de Per-nambuco, ele chegou, a
bordo do vapor Apa, que era comboiado pela fragata Amazonas e pela corveta
Paraense, ao aproximar-se da Fortaleza de Cabedelo, foi saudado por tiros de
canhão, repiques de sinos e girândolas de foguetes.
Recebido pelo Presidente da província,
Ambrósio Leitão da Cunha, o imperador, a im-peratriz e sua comitiva, depois da
cerimônia do ósculo da cruz, rumaram paraigreja da matriz, a fim de assisitirem
ao Te Deum, em ação de graças, sendo saudados, ao longo do percurso, pela
multidão.
Na capital, D. Pedro II visitou a
Fortaleza de Cabedelo, as igrejas e conventos de São Francisco, São Bento,do
Carmo, da Misericordia e das Mercês, a Câmara municipal, Cadeia Pública e
cemitério, fazendo anotações e distribuindo dinheiro.
- Precisamos visitar, agora,
algumas cidades do interior – disse o Imperador.
No dia 26, o imperador visitou
Pilar, o Engenho Pau D’arco e Mamanguape, alimentan-do-se e dormindo mal, mas
suportando, com galhardia, a penosa excursão, já que era bom ca-valeiro e se
encontrava na plenitude de seus 34 anos.
No dia 28, retornou à capital,
visitando, no dia seguinte, a alfândega, a fonte de Tam-biá, o Liceu Paraibano,
as escolas públicas e a ponte do Sanhauá. À noite, o pesidente da província
ofereceu um baile em honra de suas majestades nos salões da Assembléia
Provincial, durante o qual D. Pedro dançou três vezes.
No dia 30, o imperador embarcou,
com toda a sua comitiva, partindo para Alagoas, sem visitar nenhuma das
províncias ao norte da Paraíba, que ficaram aguardando outra opor-tunidade, que
jamais chegou.
Em novembro de 1874, rebentou, na
feira de Fagundes, distrito de Campina Grande, a Revolta dos Quebra-Quilos. Não
concordando com o imposto de chão, na base de um tostão por carga levada à
feira, os sediciosos, armados depois de implantarem nova lei em Fagundes,
invadiram a Vila de Ingá, queimando papéis e processos, soltando presos das
cadeias e que-brando pesos e medidas nas casas de comércio.
Sentindo a província em desordem,
já que os grupos armados invadiam Campina Gran-de, Cabaceiras, Pilar, Areia,
Alagoa Grande, Alagoa Nova, Bananeiras, Guarabira, São João do Cariri outros
lugares, o governo provincial pediu ajuda imperial, tendo chegado, vinda do Rio
de Janeiro, uma força de linha, composta do 14º Batalhão de Infantaria e mais
uma ala do 17º, sob o comando do coronel Severiano da Fonsêca, irmão de Deodoro
da Fonsêca, futuro procla-mador da República, que determinou:
- Vamos restaurar a ordem pública
em toda a província, começando por Campina Grande e Areia !
Invadindo localidades, prendendo
várias pessoas e excedendo-se, muitas vezes, em violência, as forças legais
acabaram com a sedição, estabelecendo, definitivamente, o sistema métrico
decimal na Paraíba, apesar do apoio da igreja aos sediciosos, através do
vigário Calisto da Nóbrega e do padre Ibiapina.
Embora o telégrafo tenha chegado à
Paraíba em 1875, graças ao paraibano Diogo Ve-lho Cavalcanti de Albuquerque,
que era Ministro da Justiça, foi com o trem-de-ferro, a partir de 1881,
pertencente à Companhia Estrada de Ferro Conde d’Eu (depois Great Western doBrasil)
que o progresso chegou à província.
- Suspendam o combate ! – ordenou
o comandante governista. Voltemos para Pilar !
Em Serrinha, Felix Antônio,
presidente temporário da Paraíba, ao receber reforços de Pernambuco,marchou
sobre Pilar, encontrando-a desocupada: os governistas já haviam voltado prá
capital.
- Devemos seguir para a capital –
decidiu Felix Antônio – e prender o presidente Felipe Néri !
Outra expedição, no entanto, já
era mandada contra os rebeldes, que abandonam Pilar, recuando para Feira Velha,
na divisa com Pernambuco, onde ficam acampados. Queren-do apaziguar a Paraíba,
Felipe Néri resolveu deixar o governo, dando posse ao conselheiro Alexandre
Francisco de Seixas Machado. Enquanto isso, no Recife, sob o comando do
brigadeiro Lima e Silva, as forças legais cercavam os revolucionários. Sem
muita resistência, Lima e Silva o-cupa a capital pernambucana e se instala no
Palácio do Governo. A 12 de setembro do mesmo ano, estava encerrada a
Confederação do Equador.
- Vamos acabar com o restante dos
rebeldes que se encontra em Goiana ! – autorizou Lima e Silva. Eles terão que
pagar pelo crime de se insurgirem contra o Imperador !
Afora a rebelião praieira, que
teve início no Recife e veio acabar em Areia, na Paraíba, com o coronel
Feliciano Falcão invadindo a cidade e dispersando os revoltosos, dentre os
quais se destacaram, por sua bravura, Borges da Fonsêca e Maximiniano Machado,
o século XVIII transcorreu sem outros acontecimentos de maior destaque, com a
capital da província continuando estagnada, envolvida pelo progresso do
Recife, com os lampeões de azeite iluminando as suas noites escuras e os
caminhos do seu desenvolvimento.
No dia 16 de fevereiro de 1826,
surgiu o primeiro jornal – A Gazeta do Governo da Pa-raíba do Norte. Em 1928,
outro jornal, o Gazeta Paraibana, fundado por Antônio Borges da Fonseca, o mais
vibrante jornalista paraibano nos tempos provincianos. Mais tarde, em 1832, ele
mesmo, o Antônio Borges, lançava outro jornal – o Repúblico -, desfraldando a
bandeira da República, quando o império mal havia começado.
Em 1850, realizou-se, na Paraíba,
o primeiro recenseamento do Brasil, apontando uma população livre de 183.920
pessoas e uma população escrava de 28.546, totalizando 212.466 habitantes.
Poucas cidades figuraram no mapa
da Paraíba durante o período monárquico: afora a capital da província, que já
nasceu provida dessa dignidade, seguiram-se, pela ordem, Areia, em 18 de maio
de 1846, Mamanguape, em 25 de outubro de 1855, Pombal, em 21 de julho de 1862,
Campina Grande, em 11 de outubro de 1864, Cajazeiras, em 10 de julho de
1876, Bananeiras, em 16 de outubro de 1879, e Guarabira, em 26 de novembro de
1887.
- A Vila Nova da Raínha, a partir
de agora, é a cidade de Campina Grande !
- disseram os campinenses, orgulhosos.
Um presidente que muito fez pelo
desenvolvimento material e cultural da Paraíba, foi sem dúvida,
BeaurepaireRohan, que ficou na presidência por menos de dois anos – de
dezem-bro de 1857 a junho de 1859 -, mas deixou a marca da sua passagem,
fundando um Jardim Botânico, criando o Colégio das Neves, instalando uma
biblioteca e realizando estudos sobre as precárias vias de comunicação da
época.
- Não temos estradas... – dizia. E
sem estradas não há progresso !
Em dezembro de 1859, o imperador
Pedro II visitou a Paraíba. No dia 24, vindo de Per-nambuco, ele chegou, a
bordo do vapor Apa, que era comboiado pela fragata Amazonas e pela corveta
Paraense, ao aproximar-se da Fortaleza de Cabedelo, foi saudado por tiros de
canhão, repiques de sinos e girândolas de foguetes.
Recebido pelo Presidente da província,
Ambrósio Leitão da Cunha, o imperador, a imperatriz e sua comitiva, depois da
cerimônia do ósculo da cruz, rumaram paraigreja da matriz, a fim de assisitirem
ao Te Deum, em ação de graças, sendo saudados, ao longo do percurso, pela
multidão.
Na capital, D. Pedro II visitou a
Fortaleza de Cabedelo, as igrejas e conventos de São Francisco, São Bento,do
Carmo, da Misericordia e das Mercês, a Câmara municipal, Cadeia Pública e
cemitério, fazendo anotações e distribuindo dinheiro.
- Precisamos visitar, agora,
algumas cidades do interior – disse o Imperador.
No dia 26, o imperador visitou
Pilar, o Engenho Pau D’arco e Mamanguape, alimentando-se e dormindo mal, mas
suportando, com galhardia, a penosa excursão, já que era bom cavaleiro e se
encontrava na plenitude de seus 34 anos.
No dia 28, retornou à capital,
visitando, no dia seguinte, a alfândega, a fonte de Tambiá, o Liceu Paraibano,
as escolas públicas e a ponte do Sanhauá. À noite, o pesidente da província
ofereceu um baile em honra de suas majestades nos salões da Assembléia
Provincial, durante o qual D. Pedro dançou três vezes.
No dia 30, o imperador embarcou,
com toda a sua comitiva, partindo para Alagoas, sem visitar nenhuma das
províncias ao norte da Paraíba, que ficaram aguardando outra opor-tunidade, que
jamais chegou.
Em novembro de 1874, rebentou, na
feira de Fagundes, distrito de Campina Grande, a Revolta dos Quebra-Quilos. Não
concordando com o imposto de chão, na base de um tostão por carga levada à
feira, os sediciosos, armados depois de implantarem nova lei em Fagundes,
invadiram a Vila de Ingá, queimando papéis e processos, soltando presos das
cadeias e que-brando pesos e medidas nas casas de comércio.
Sentindo a província em desordem,
já que os grupos armados invadiam Campina Grande, Cabaceiras, Pilar, Areia,
Alagoa Grande, Alagoa Nova, Bananeiras, Guarabira, São João do Cariri outros
lugares, o governo provincial pediu ajuda imperial, tendo chegado, vinda do Rio
de Janeiro, uma força de linha, composta do 14º Batalhão de Infantaria e mais
uma ala do 17º, sob o comando do coronel Severiano da Fonsêca, irmão de Deodoro
da Fonsêca, futuro procla-mador da República, que determinou:
- Vamos restaurar a ordem pública
em toda a província, iniciando por Campina Grande e Areia !
Invadindo localidades, prendendo
várias pessoas e excedendo-se, muitas vezes, em violência, as forças legais
acabaram com a sedição, estabelecendo, definitivamente, o sistema métrico
decimal na Paraíba, apesar do apoio da igreja aos sediciosos, através do
vigário Calisto da Nóbrega e do padre Ibiapina.
Embora o telégrafo tenha chegado à
Paraíba em 1875, graças ao paraibano Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque,
que era Ministro da Justiça, foi com o trem-de-ferro, a partir de 1881,
pertencente à Companhia Estrada de Ferro Conde d’Eu (depois Great Western do Brasil)
que o progresso chegou à província.
A Revolta do Quebra-Quilos foi combatida pelas forças legais,
muitas vezes com violência, como se fosse uma batalha.
- Nasce, a partir de hoje, a
República dos Estados Unidos do Brasil !
O Governo Provisório da República
nomeou, como Governador da Paraíba, o Juiz de Direito de Catolé do Rocha,
Venâncio Neiva, que assumiu o cargo no dia 6 de dezembro, tendo, como
Secretário-Geral, Epitácio Pessoa e, como Chefe de Polícia,João Coelho
Gonçalves Lisboa. Neste Governo, forameleitos três senadores e cinco deputados
para a primeira Constituinte Nacional.
- As eleições foram realizadas e
os eleitos deverão seguir para o Rio de Janeiro – disse o Governador Marechal
Almeida Barreto, João Neiva e Firmino Gomes da Silveira, e os deputados Pedro
Americo de Figueiredo, Epitácio Pessoa, Joaquim do Couto Cartaxo, João Batista
de Sá Andrade e João da Silva Retumba. Promulgada a constituição de 24 de
fevereiro de 1891, cabia ao estado organizar-se politicamente, convocando uma
assembleia constituinte, que se reuniu, a 29 denovembro, Deodoro da Fonsêca
dissolveu o Congresso Nacional e, compelido a renunciar, assim o fez, assumindo
a Presidência o vice, Floriano Peixoto. E foi por ordem do novo Presidente que
Álvaro Machado, engenheiro militar, foi empossado, no dia 18 de fe-vereiro de
1892, no Governo da Paraíba, realizando uma das mais operosas administrações da
sua história.
Monsenhor Walfredo Leale Gama e
Melo (que esteve a frente do governo até 22 de outubro de 1900) foram os
últimos presidentes do século XIX.
SÉCULO XX
UM MUNDO
NOVO
· REVOLUÇÃO DE 30
· INDUSTRIALIZAÇÃO E PROGRESSO
. A PARAÍBA HOJE
No alvorecer do século XX, a
capital da Paraíba – como, de resto, todo o Estado – não dispunha ainda dos
serviços essenciais ao desenvolvimento, como energia elétrica e abastecimento
de água. Na época, o presidente José Peregrino de Carvalho nada podia fazer
para pro-mover o crescimento paraibano, pois o que arrecadava mal dava para
pagar a quem devia.
Mesmo assim, a capital
já impressionava por sua beleza.
Por outro lado, o governo José
Peregrino ficou marcado por atos de violência contra a imprensa.
- Não permitirei que estes jornais
continuem atacando o meu governo ! – bradava.
E foi assim que dois jornais da
oposição –O Comércio e O Combate – foram empastelados
na noite
de 28 de julho de 1904.
Foi a partir de outubro de 1908,
no entanto, que teve início uma das mais importantes administrações da Paraíba,
tendo, como presidente, João Lopes Machado.
Em 1912, ele inaugurou a energia
elétrica – uma das molas propulsoras do mundo moderno – e, nesta mesmo ano,
entregou ao povo um novo sistema de transporte, substituindo os velhos bondes
puxados a burros por bondes elétricos, avançados e vistosos, que logo passaram
a percorrer os principais bairros da cidade.
Para completar a sua grande
administração – e ainda no mesmo ano de 1912 -, João Machado inaugurou o
pimeiro sistema de abastecimento de água do estado, aproveitando o manancial de
Buraquinho.
A capital da Paraíba já apresentava traços de uma
cidade em pleno desenvolvimento.
Foi durante o governo de Castro
Pinto, a partir de 22 de outubro de 1912, que bandos armados de cangaceiros
infestavam o interior da Paraíba, sob a proteção de coiteiros poderosos,
assaltando a população indefesa.
Por ordem de Castro Pinto, a
polícia, sob o comando do coronel Mário Barbedo, acabou com os ninhos de
coiteiros, destruindo redutos até então julgados inexpugnáveis.
Homem culto, o chefe do governo
abriu as páginas do jornal A União ,
dirigido, na época, por Carlos Dias Fernandes, para novos escritores, o que fez
com surgissem talentos como Manoel Tavares Cavalcanti, Rodrigues de Carvalho,
Álvaro de Carvalho, Otacílio de Albuquerque, João de Lira Tavares, Ascendino
Cunha, Alcides Bezerra, Celso Mariz, Leonardo Smith e José Americo de Almeida,
entre outros.
- É o jovem José Americo de
Almeida – comentavam. Um grande escritor !
No dia 15 de novembro de 1912, o
paulista Rodrigues Alves, eleito mais uma vez Presidente da República,
encontrava-se tão doente que não pôde tomar posse e Delfim Moreira assumiu
interinamente a Presidência, convocando novas eleições. Depois de um pleito
muito disputado, o senador Rui Barbosa foi novamente derrotado e o paraibano
Epitácio Pessoa, vi-torioso, tornou-se Presidente da República do Brasil, a
partir de 1919.
De 22 de outubro de 1924 a 22 de
outubro de 1928, o Pesidente Washington Luis, que sucedeu a Epitácio Pessoa,
visitou o estado.
Era um período de lúta, de
agitação, de grande tensão política. A Coluna Prestes atravessava o território
paraibano, via Piancó, quando centenas de pessoas perderam a vida, inclusive o
padre Aristides Cruz, chefe político da região.
No dia 22 de outubro de 1928,
indicado por Epitácio, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, ministro do
Supremo Tribunal Militar, assumia a presidência da Paraíba.
- Temos que vencer, primeiramente,
as dificuldades financeiras que sufocam o nosso estado ! – declarou.
Com o pagamento do funcionalismo
em atraso e muitas dívidas para pagar, o presidente João Pessoa fez da
política tributária a tônica do seu governo, desgostando muita gente.
Homem de aro dinamismo, construiu
pontes, abriu estradas e reformou prédios públicos, inclusive o palácio
governamental. Os presos trabalhavam nas obras públicas e ele mesmo dirigia os
trabalhos.
Por conta das suas atitudes, o
presidente atrairia o ódio de ferrenhos inimigos, como o advogado João Dantas,
cujo escritório foi invadido por policiais, que queimaram arquivos e se
apossaram de documentos confidenciais, inclusive cartas para sua noiva, Anayde
Beiriz.
- Nenhum Dantas se amedrontará nem
se humilhará ante à prepotência de um homem ! – disse aos quatro ventos.
Em 1930, para não ser preso –
acusado de conspirar contra o governo – João Dantas fugiu para a capital
pernambucana. Em julho deste ano, prá piorar as coisas, o jornal A União publicava uma série de
documentos, que envolvia o nome do advogado como personagem principal de um
plano subversivo. João Pessoa, por sua vez, tinha negado seu apoio a
Washington Luis, aceitando sua candidatura como vice-Presidente na chapa da
oposição, encabeçada por Getúlio Vargas.
- Nossa chapa será vitoriosa ! –
dizia Getúlio.
A partir de 28 de fevereiro,
Princesa estava em pé de guerra. Sob o comando do deputado José Pereira,
objetivando criar um território independente, desmembrado do estado da Paraíba,
centenas de homens armados dispostos a enfrentar as tropas do governo.
- Princesa mostrará à Paraíba que
é capaz de lutar em defesa dos seus ideais ! – bradava o deputado Zé pereira.
Durante cinco meses, Princesa
resistiu cerco das forças legais, criando sérios problemas para o governo, já
que Washington Luis não era bem visto pelo presidente, desde que João Pessoa,
no dia 29 de julho de 1929, respondêra com um négo ao apelo solicitado para o candidato Júlio Prestes, a 26 de
julho, em sua cidadela, quando, cercado e sem recursos para continuar lutando,
o coronel José Pereira sentia que a
batalha estava perdida...
- Ao que tudo indica – lamentava –
perdemos a lúta.
Neste mesmo dia, em Recife, quando
o presidente João Pessoa se encontrava na confeitaria Gloria, foi assassinado,
a tiros de revólver, por João Dantas. Na Confeitaria Glória, no Recife, João Dantas assassinou o
Presidente João Pessoa, a tiros de revólver, vingando-se.
- Ao que tudo indica – lamentava – perdemos a lúta.
Neste mesmo dia, em Recife, quando
o presidente João Pessoa se encontrava na confeitaria Gloria, foi assassinado,
a tiros de revólver, por João Dantas.
A morte do grande homem público
seria o estopim de um movimento que estava prestes a explodir, envolvendo os
estados do Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais. A enorme comoção
nacional, portanto, impulsionou o movimento revolucionário que visava impedir a
posse de Júlio Prestes, eleito Presidente da República.
Na Paraíba, como em todo o Brasil,
sucederam-se grandes manifestações populares, em prol da Aliança Liberal.
No dia 3 de outubro, irrompeu a
revolução no Rio Grande do Sul, tendo, como líderes, dois partidários de
Getúlio: Osvaldo Aranha e Flores da Cunha.
A ação revolucionária também começava, ao mesmo tempo, em Minas Gerais e
na Paraíba.
Dentro de poucos dias, o Nordeste
estava nas mãos dos rebeldes. Washington Luis tentou resistir, mas já não
contava mais com o apoio da população nem das forças armadas. Getúlio Vargas
ocupou Santa Catarina e o Paraná.
No dia 24 de outubro, sem nenhuma
reação, o Presidente foi deposto.
- Abandonarei meu posto com honra
– declarou Washington Luis – cumprindo o meu dever até o fim !
Na Paraíba, a partir de 26 de
julho, seguiram-se dias de intensa agitação popular, até que o governo, visando
acalmar os ânimos, pela lei nº 700, de 4 de setembro de 1930, mudou o nome da
capital da Paraíba para João Pessoa, substituindo, inclusive, a bandeira do estado, que passou a simbolizar o Négo
do líder assassinado.
José Americo de Almeida,
conspirador e sempre fiel à memória de João Pessoa, assume o governo da Paraíba
e, cumulativamente, a direção civil do norte e nordeste do Brasil. No Recife,
João Dantas e seu cunhado Moreira de Caldas se suicidam na casa de detenção da
capital pernambucana.
Com a volta de José Americo ao Rio
de Janeiro, quem assume a interventoria no Estado é Antenor Navarro, candidato
de Juarez Távora. Participante ativo da na revolução,o interventor se defronta
com uma nova e difícil batalha: governar uma terra cujo povo ainda se
encontrava revoltado, provocando, a todo instante, cenas de agressão e de
vingança.
Em abril de 1932, quando mal
começára a administrar a sua terra, Antenor Navarro veio a falecer. num
desastre, Gratuliano Brito, de cujo governo participou, como, Secretário da
Fazenda, Agricultura e Obras Públicas, o
então 2º tenente de artilharia, Ernesto Geisel.
- Temos que implantar uma política
de contenção de gastos – disse Gratuliano – para que possamos vencer acrise
econômica !
Durante o tempo em que governou o
estado, um acontecimento importante abalou o país: a Revolução
Constitucionalista de 1932, que envolveu São Paulo numa verdadeira guerra
civil.
Mesmo
derrotada militarmente, a revolução paulista ajudou a provocara convocação da
constituinte, a cujos membros eleitos acabaram escolhendo Getúlio Vargas para
Presidente da República, no período 1934 / 1938.
Em 1935, o campinense Argemiro de
Figueiredo se elegia governador do estado da Pa-raíba, cujo mandato se
estenderia até 1940.
Em 1937, José Americo de Almeida
disputava, em renhida campanha, a presidência da república,tendo, como
opositor, Armando de Sales Oliveira, quando Getúlio Vargas resolveu dar um
golpe de estado para continuar no poder, instalando uma ditadura que recebeu o
nome de Estado Novo.
Mais uma vez, foram nomeados
interventores para os estados.
Por sua conduta política bastante
correta com a candidatura do ministro José Américo de Almeida, Argemiro de
Figueiredo foi nomeado interventor, continuando à frente dos destinos da
Paraíba até 1940.
- Tendo em vista tão grande prova de
confiança do presidente – disse Argemiro – não posso recusar a interventoria.
Continuarei servindo a minha terra !
Amigo pessoal de Getúlio Vargas e
homem bem relacionado no Rio, o paraibano Ruy Carneiro, natural de Piancó, onde
nasceu, no dia 20 de agosto de 1901, foi indicado para substituir Argemiro,
assumindo o governo em 16 de agosto de 1940.
Depois do governo reformador de
Argemiro de Figueiredo, Ruy Carneiro implantou uma administração moderna,
realizando obrasmarcantes em todos os setores, como a estân-cia termal de Brejo
das Freiras, o Centro de Puericultura, o Manicômio Judiciário, a maternidade
Cândida Vargas, a Colônia Agrícola de Camaratuba, a Recebedoria de Renda de
Campina Grande, além de dezenas de grupos escolares e postos de saúde.
- O Manicômio Judiciário –
acrescentou Ruy – humanizará a justiça e reintegrará muitos condenados à
sociedade !
No dia 29 de outubro de 1945, o
ditador Getúlio Vargas foi afastado do poder, sendo a Presidência da República
confiada, provisoriamente, a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal
Federal.
Na Paraíba, Samuel Duarte, que
assumira o Governo do Estado em substituição a Ruy Carneiro (que se afastára do
posto para concorrer às próximas eleições), foi demitido, sendo substituído
pelo desembargador Severino Montenegro, presidente do Superior Tribunal de
Justiça, até que, no dia 14 de fevereiro de 1946, Odom Bezerra, nomeado
interventor, assumiu o chefia do estado.
Depois de José Gomes, que assumiu
a interventoria por um breve período, Oswaldo Trigueiro, eleito pelo povo,
tomou posse, como governador, no dia 16 de março de 1946.
O governo de Oswaldo Trigueiro foi
bastante equilibrado, com as vistas voltadas para todos os problemas do estado,
graças à sua cultura social e política. Em pouco mais de três anos, construiu
mais de 30 novos grupos escolares, planejou e executou, em grande parte, o novo
abastecimento de água da capital e deu especial atenção aso problemas de saúde
públi-ca. No dia 2 de julho de 1950, resolveu renunciar, passando o cargo a
José Targino, que era vice-Governador.
A 31 de janeiro de 1951, agora
eleito pelo povo, José Américo de Almeida voltou a governar o estado.
Firme e decidido, declarou:
- Nossa primeira tarefa é socorrer
os flagelados da sêca que se abate sobre a Paraíba !
Na verdade – como um estigma – a
seca esteve presente em toda a administração José Américo. Em 1952, o flagelo
era total: em todo o interior do estado grassava a fome e o deses-pero, quando
a terra, castigada pelo sol inclemente, nada produzia.
Os serviços de emergência, no
entanto, demonstravam a visão administrativa do autor de A Bagaceira, já que o ficcionista entrava na realidade e ia ao
encontro dos que sofriam. Em vez de esmolas, trabalho. Ele mesmo se fazia
presente nas áridas regiões sertanejas, distribuindo água e alimento e, ao
mesmo tempo, inventando serviço para os que ali estavam, sem nada ter para
fazer.
Em 1953, José Américo, convidado,
mais uma vez, por Getúlio Vargas, para assumir o Ministério da Viação e Obras
Públicas, entrega o governo ao economista João Fernandes de Lima, que era
vice-governador. Só que, em 1954, com o suicídio de Getúlio Vargas, o homem de
Areia retorna ao seu estado para concluir o mandato, dizendo:
- Tenho que aproveitar o tempo que
me resta, realizando obras que possam, realmente incrementar o desenvolvimento
paraibano !
Fiel às suas origens, lá no Engenho Olho D’Água em
Areia, o governador deu grande ênfase à agricultura e ao cooperativismo, mas
foi na educação, construindo grupos escolares e colégios, que ele deixou seu
nome para sempre perpetuado na lembrança de todos os paraibanos. Apesar do
flagelo das secas, a administração José Américo de Almeida assinalou uma das
mais importantes etapas do progresso do estado.
A partir de 31 de janeiro de 1956, Flávio Ribeiro
Coutinho, eleito por uma coligação (UDN/PDS), assumia o governo do estado,
vindo a falecer na metade do seu mandato, no dia 4 de janeiro de 1958, tendo, a
partir dai, o então vice-governador Pedro Moreno Gondim tomado posse na chefia
do executivo paraibano.
No dia 18 de março de 1960, desincompatibiliza-se para
disputar eleições e, como can-didato, conseguiu empolgar os paraibanos, saindo
vitorioso de um dos mais renhidos pleitos de todos os tempos, onde o slogan O Homem é Pedro ecoava em todos os
quadrantes do território paraibano.
E foi assim que Pedro Gondim voltou à governar a
Paraíba, de 1960 a 1966, numa ad-ministração marcada, principalmente, por
inúmeros benefícios concedidos ao funcionalismo público estadual.
De 1961 a 1966, foi João Agripino quem governou a
Paraíba, destacando-se, dentre as obras do seu governo, a construção do
nacionalmente conhecido Hotel Tambaú, na praia do mesmo nome, em João Pessoa,
procurando incrementar o turismo.
Mais um intelectual assumiu o poder, de 1971 a 1975:
Ernany Sátiro, autor do Quadro Negro.
Como José Américo, soube demonstrar sua capacidade como administrador,
construindo, entre outras obras, o Centro Administrativo e o novo edifício da
Assembléia Legislativa.
Ivan Bichara veio em seguida, no período 1975/1979.
Jornalista e escritor, também deu primazia à educação e à construção de
conjuntos habitacionais.
Descompatibilizando-se para disputar uma vaga no
senado, Ivan Bichara cedeu o lugar ao vice-governador Dorgival Terceiro Neto. A
este, sucedeu Tarcísio de Miranda Burty (1979-l982), dando continuidade à
sequência de intelectuais no poder. Burity, como todos os seus antecessores,a partir de Ernani Sátyro, foram nomeados pelo Presidente da República, já que a rovolução de 1964 acabára por extinguir as eleições para governador e
prefeito da capital.
Natural de Conceição do Piancó, o governador Wilson
Braga não poderia esquecer as suas origens, sob pena de negar-se a si mesmo e,
conforme prometêra na campanha política, passou, de imediato, a realizar o
Projeto Canaã, construindo açudes, adutoras, canais de irriga-ção e ampliando
os caminhos da agricultura no interior do estado.
Sendo o Governador do IV Centenário da Paraíba – e
consciente desta responsabilidade -, deu prioridade, nas grandes cidades, ao
social, desenvolvendo programas voltados para o social, como os projetos
Mutirão, Taipa, Renascer e muitos outros, construindo moradias para quem nunca teve condições de possuir uma casa própria, vivendo nas favelas e nos alagados. Foi um governo
voltado para o homem e para a terra. Para a vida.
A Paraíba comemorava 400 anos de historia, que
simbolizam, ainda hoje, a coragem, audácia, o arrojo, a fibra, a fé, a lúta, o
trabalho, a esperança, o amor, a rebeldia, o espírito libertário e a
capacidade de realização de um povo que jamais deixou de acreditar no seu
grande futuro.
Wilson Braga - Governador da Paraíba no ano
do IV Centenário do Estado da Paraíba.
.
À época, quatro séculos depois, a Paraíba contemplava o
seu progresso e abria novos caminhos para um tempo de paz e de felicidade, que
estava sendo construído com a mesma determinação que impulsionou os pioneiros
da sua história.
Eis os governantes que nos trouxeram até os nossos
dias:
1585/2012:
Período colonial (capitães-mores):
.João
Tavares............................................1585/1588
.
Frutuoso Barbosa...................................1588/1591
.
André de Albuquerque...........................1591/1592
. Feliciano Coelho de
Carvalho................1592/1600
.
Francisco de Souza Pereira................... 1600/1603
.
André de Albuquerque........................... 1603/1605
.
João de Barros Correia..........................1605/1608
.Francisco
Coelho de Carvalho................ 1608/1612
.
João Rabelo de Lima............................. 1612/1616
.
Francisco Nunes Marinho de Sá........... 1616/1620
.
João de Brito Corrêa.............................. 1620/1623
.
Afonso de França.................................... 1623/1627
.
Antonio de Albuquerque........................ 1627/1634
Domínio
Holandês:
. Servais Carpentier..................................1634/1636
.
Ippo Eyssens.......................................... 1636/1636
.
Elias Herckmans.....................................1636/1639
.
Gilberto With..........................................1639/1645
.
Paulus de Linge.......................................1645/1654
Restauração:
. Triunvirato................................................1645/1655
. João Fernandes
Vieira.............................1655/1657
. Antonio Dias
Cardoso..............................1657/1657
. Matias de Albuquerque
Maranhão..........1657/1663
. João do Rego
Barros................................1663/1667
. Luis Nunes de
Carvalho...........................1667/1670
. Inácio Coelho da
Silva..............................1670/1674
. Manoel Pereira de
Lacerda......................1674/1678
. Alexandre de Souza
Azevedo...................1678/1684
. Antonio da Silva Barbosa.........................1684/1687
. Amaro Velho
Cerqueira...........................1687/1692
. Manoel Nunes
Leitão..............................1692/1697
. Manoel Soares
Albergaria.......................1697/1700
. Francisco de Abreu
Pereira.......................1700/1703
. Fernando de Barros
Vasconcelos.............1703/1708
. João da Maia
Gama..................................1708/1717
. Antonio Velho
Coelho................................1717/1719
. Junta dos Oficiais da
Câmara...................1719/1720
. Antonio Torreão Castelo
Branco..............1720/1722
. Francisco Pedro de Mendonça
Gurjão.....1722/1729
. Francisco Pedro de Mendonça
Gurjão.....1729/1734
. Pedro Monteiro de
Macedo......................1734/1744
. Junta dos Oficiais da
Cãmara....................1744/1744
. João Lobo de
Lacerda................................1744/1745
. Antonio Borges da
Fonseca........................1745/1753
. LuisAntonio de Lemos
Brito.......................1753/1757
. José Henrique de
Carvalho........................1757/1761
. Francisco Xavier de Miranda Henrique.....1761/1764
. Jerônimo J. de Melo
Castro.......................1764/1797
.
Triunvirato...................................................1797/1798
. Fernando Delgado Freire de
Castilho........1798/1802
. Luis da Mota Feo........................................1802/1805
. Amaro J. Raposo de
Albuquerque..............1805/1809
. Antonio Caetano
Pereira............................1809/1815
.
Triunvirato..................................................1815/1817
. Junta
Governativa......................................1817/1817
. Triunvirato...................................................1817/1817
. Tomaz de Sousa
Mafra...............................1819/1819
. Joaquim Rabelo da Fonseca
Rosado.........1819/1821
. Junta Provisória (7
membros)....................1821/1822
. junta Provisória (5
membros).....................1822/1823
. Junta Provisória (7 membros).....................1823/1824
Período monárquico (Presidentes):
. Filipi Néri
Ferreira............................................1824/1824
. Alexandre Francisco de Seixas
Maia..............1824/1827
. Francisco de Assis Pereira Rocha
(vice)..........1827/1828
. Gabriel Getúlio Monteiro de
Mendonça..........1828/1830
. Francisco José Meira (vice)..............................1830/1830
. Manoel Joaquim Pereira da
Silva....................1830/1831
. José tomaz Nabuco de
Araújo..........................1831/1831
. Francisco José Meira
(vice)..............................1831/1832
. Galdino da Costa
Vilar......................................1832/1832
. Francisco José Meira
(vice)..............................1832/1832
. André de Albuquerque Maranhão
Júnior.........1832/1832
. Francisco José Meira
(vice)..............................1833/1833
. Antonio Joaquim de
Melo..................................1833/1834
. Afonso de Albuquerque Maranhão
(vice).........1834/1834
. Bento Correia Lima
(vice).................................1834/1834
. José luis Lopes Bastos
(vice).............................1834/1835
. Bento Correia
Lima............................................1835/1835
. Manoel Maria Carneiro da Cunha
(vice)..........1835/1835
. Luis Alves de Carvalho
(vice).............................1835/1836
. Francisco José Meira
(vice)...............................1835/1836
. Basílio Quaresma
Torreão..................................1836/1838
. Joaquim Teixeira Peixoto de
Albuquerque........1838/1838
. João José de Moura
Magalhães........................1838/1839
. Manoel Lobo de Miranda Henriques
(vice).......1839/1840
. Antonio José Henriques
(vice)............................1840/1840
. Francisco Xavier Monteiro da Franca................1840/1841
. Pedro Rodrigues Fernandes
Chaves..................1841/1843
. André de Albuquerque Maranhão
Júnior..........1843/1843
. Ricardo José Gomes
Jardim...............................1843/1843
. Agostinho da Silva
Neves....................................1843/1844
. Joaquim Franco de
Sá.........................................1844/1844
. Frederico Carneiro de
Campo.............................1844/1848
. João de Albuquerque Maanhão
(vice)................1848/1848
. João Antonio de
Vasconcelos..............................1848/1850
. José Vicente de Amorim
Bezerra........................1850/1850
. Agostinho da Silva
Neves....................................1850/1851
. Frederico de Almeida e
Albuquerque..................1851/1851
. Francisco Antonio de Almeida e
Albuquerque....1851/1851
. Antonio Coelho de Sá e
Albuquerque..................1851/1853
. Flávio Clementino da Silva
Freire (vice).............1853/1853
. Frederico de Almeida Albuquerque
....................1853/1853
. João Capistrano Bandeira de
Melo.....................1853/1854
. Flávio Clementino da Silva
Freire (vice)..............1854/1854
. Frederico de Almeida e
Albuquerque (vice).........1854/1854
. Francisco Xavier Paes Barreto............................1854/1855
. Flávio Clementino da Silva
Freire (vice)..............1855/1855
. Antonio da Costa Pinto e
Silva..............................1855/1857
. Manoel Clementino Carneiro da
Cunha (vice).....1857/1857
. Henrique Beaurepaire
Rohan...............................1857/1859
. Ambrósio Leitão da
Cunha....................................1859/1860
. Manoel Clementino Carneiro da
Cunha (vice).....1860/1860
. LuisAntonio da Silva
Nunes..................................1860/1861
. Barão do Mamanguape
(vice)...............................1861/1861
. Francisco de Araújo
Lima......................................1861/1864
. Felizardo Toscano de Brito
(vice)..........................1864/1866
. JoâoJoaé Inocêncio Poggi
(vice)............................1866/1866
. Américo Brasiense de A.
Melo..............................1866/1867
. Barão de Maraú
(vice)...........................................1867/1867
. Inocêncio de Assis
Carvalho..................................1867/1868
. Francisco Pinto
Pessoa...........................................1868/1868
. Silvino Elvídio Carneiro da
Cunha (vice)...............1869/1869
. Venâncio J. de Oliveira
Lisboa..............................1869/1870
. Frederico de Almeida e
Albuquerque.....................1870/1871
. José Evaristo da Cruz
Gouveia(vice).....................1871/1871
. Frederico de Almeida e
Albuquerque.....................1871/1872
. José Evaristo da Cruz Gouveia
(vice).....................1872/1872
. Heráclito Alencastro Pereira da
Graça..................1872/1872
. Francisco Pereira de
Sá...........................................1872/1873
. João José Inocêncio Poggi
(vice)............................1873/1873
. José Evaristo da Cruz Gouveia
(vice).....................1873/1873
. Silvino Elvídio Carneiro da
Cunha..........................1873/1876
. Barão do
Mamanguape..........................................1876/1877
. João da Mata Correia Lima
(vice).........................1877/1877
. José Paulino de Figueiredo
(vice)...........................1877/1877
. Esmerino Gomes
Parente.......................................1877/1878
. José Paulino de Figueiredo
(vice)...........................1878/1878
. Ulisses Machado Pereira
Viana.............................1878/1879
. Filipe Benício da Fonsêca Galvão
(vice)................1879/1879
. José Rodrigues Pereira
Júnior...............................1879/1880
. Filipe Benício da Fonseca Galvão
(vice)................1880/1880
. Antonio Alfredo da Gama e
Melo...........................1880/1880
. Gregorio José de
Oliveira.......................................1880/1880
. Antonio Alfredo da Gama e Melo
(vice).................1880/1880
. Justino Ferreira
Carneiro........................................1880/1882
. Antonio Alfredo da Gama e Melo
(vice).................1882/1882
. Manoel Ventura Leite
Sampaio..............................1882/1882
. Antonio Alfredo da Gama e Melo
(vice).................1882/1882
. José Basson de Miranda Osório.............................1882/1883
. Antonio Alfredo da Gama e Melo
(vice)................1883/1883
. José Aires do
Nascimento.......................................1883/1884
.Antonio Sabino do
Monte.........................................1884/1885
. Pedro da Cunha
Beltrão...........................................1885/1885
. Antonio Herculano de Sousa
Bandeira...................1885/1886
. Geminiano Brasil de Oliveira
Goes.........................1886/1887
. Francisco Paula de Oliveira
Borges........................1886/1888
. Pedro Correia de
Oliveira........................................1888/1889
. Barão do Abiai
(vice)................................................1889/1889
. Pedro Correia de
Oliveira.........................................1889/1889
. Barão do Abiai
(vice).................................................1889/1889
. Manoel Dantas Correia de Góes
(vice)...................1889/1889
. Francisco Luis da Gama
Rosa..................................1889/1889
Período Republicano
. Junta
Governativa...........................................1889/1889
. João Claudino de Oliveira Cruz......................1889/1889
. Venâncio Augusto de Magalhães
Neiva........1889/1891
. Junta
Governativa............................................1891/1892
. Álvaro Lopes
Machado....................................1892/1893
. Valfredo Leal
(vice)..........................................1893/1893
. Álvaro Lopes
Machado....................................1893/1894
. Valfredo Leal
(vice)..........................................1894/1894
. Álvaro Lopes
Machado....................................1894/1896
. Valfredo Leal
(vice)..........................................1896/1896
. Antonio Alfredo da Gama e
Melo....................1896/1900
. José Peregrino de
Araújo.................................1900/1904
. Álvaro Lopes
Machado....................................1904/1905
. Francisco Seráfico da Nóbrega
(vice)..............1905/1905
. Álvaro Lopes
Machado....................................1905/1905
. Valfredo
Leal....................................................1905/1908
. joão Lopes
Machado........................................1908/1912
. João Pereira de Castro
Pinto...........................1912/1915
. Antonio da Silva
Pessoa....................................1915/1916
. Solon Barbosa de
Lucena.................................1916/1916
. Camilo de
Holanda............................................1916/1920
. Solon Barbosa de
Lucena.................................1920/1924
. João
Suassuna...................................................1924/1928
. João Pessoa Cavalcanti de
Albuquerque.........1928/1930
. Álvaro Pereira de Carvalho..............................1930/1930
. Antenor da França
Navarro..............................1930/1932
. Gratuliano da Costa
Brito.................................1932/1934
. José Marques da Silva
Mariz...........................1934/1935
. Argemiro de
Figueiredo.....................................1935/1937
. Argemiro de Figueiredo
(interventor)...............1937/1940
. Ruy
Carneiro......................................................1940/1945
. Samuel
Duarte....................................................1945/1945
. Severino
Montenegro........................................1945/1946
. Odon Bezerra
Cavalcanti...................................1946/1946
. José Gomes da
Silva..........................................1946/1947
. Osvaldo
Trigueiro...............................................1947/1950
. José
Targino.......................................................1950/1951
. José Americo de
Almeida...................................1951/1953
. João Fernandes de
Lima....................................1953/1954
. José Americo de
Almeida...................................1954/1956
. Flávio Ribeiro
Coutinho......................................1956/1958
. Pedro Moreno
Gondim.......................................1958/1960
. José Fernandes de
Lima.....................................1960/1961
. Pedro Moreno
Gondim........................................1961/1966
. João
Agripino.......................................................1966/1971
. Ernani
Sátyro.......................................................1971/1975
. Ivan
Bichara........................................................1975/1978
. Dorgival Terceiro
Neto......................................1978/1979
. Tarcísio de Miranda
Burity................................1979/1982
. Clovis
Bezerra.....................................................1982/1983
. Wilson Leite Braga (IV Centenário)..................1983/1986
. Rivando Bezerra
Cavalcanti..............................1986/1986
. Milton Bezerra Cabral.......................................1986/1987
. Tarcísio
Burity....................................................1987/1991
. Ronaldo José da Cunha
Lima............................1991/1994
. Cícero de Lucena
Filho......................................1994/1995
. Antonio Marques da Silva
Mariz......................1995/1995
. José Targino Maranhão....................................1995/1999
. José Targino Maranhão (reeleito)....................1999/2002
. Antônio Roberto de Sousa
Paulino....................2002/2003
. Cássio Rodrigues da Cunha
Lima.....................2003/2007
. Cássio Rodrigues da Cunha Lima
(reeleito).....2007/2009
. José Targino
Maranhão.....................................2009/2011
...e
aqui estamos nós !